sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

-Oferendas Ritualísticas, Simpatias e Encantamentos

Oferendas Ritualísticas: o que podemos oferecer?


O foco religioso principal e central de religiões e/ou religiosidades pagãs consiste na relação com a natureza, isto é, com os elementos naturais, vitais, que trazem benefícios totalmente ecológicos e com a consciência ecológica, que visam à comunhão com o meio ambiente, ou seja, com os diversos seres que consiste o meio o qual estão inseridos. Essa relação com a natureza significa, não uma relação de rebeldia e de sentimentos transgressores, mas, sim, de uma relação íntima, mística, naturístico-espiritual, com sentimentos de afeição, amor, consciência da sacralidade do grande segredo e da manifestação da vida que permeia nosso redor, sem desvalorizar o plano físico, pois este é somente um meio mais ágil e condensado para conduzir a roda da vida e, consequentemente, para a evolução. 
Nesta perspectiva, os elementos artificiais, quer estejam inseridos ou não no culto ou nas ofertas rituais e no cotidiano, deve-se lembrar que a religação com a divindade deve acontecer com as partes primordiais da existência em si, ou seja, com a essência dos artifícios, não com os próprios artifícios. Por exemplo, não seria conveniente cultuar uma casa ou construção enquanto simbologia da terra, mas a própria terra; nesta perspectiva, deve-se levar em conta a diversidade que o universo abrange. O que oferecemos aos Deuses é muito subjetivo, depende de cada indivíduo e da vontade dos próprios Deuses; entretanto, esse fator acarreta o simbolismo e a expressão. Naturalmente, ofereceríamos algo de bom e útil aos Deuses, portanto deve ser bom e útil também para nós, nisto reside uma simbologia: enquanto, a expressão designa aos nossos sentimentos e emoções, se queremos oferecer algo bom e útil, obviamente, devemos ousar esse sentimento. O que quero dizer é que depende sim do que iremos oferecer (da noção e do valor que temos de tal elemento a ser oferecido), e não somente do esforço pessoal e comprometimento, porém, o dinheiro que irá ser pago para adquirir a oferenda, segundo determinada perspectiva, pouco implicará.



Simpatias: o que são?

O termo “Simpatia” vem do antigo grego, de "Sympaiktai" ("syn-": junção, reunião, relação; e "páthos": 'o que afeta o corpo ou a alma'), cujo significado é “assistente do jogo” ou “companheiro do lúdico”, isto é, um homem ou mulher praticante de "simpatia", ou seja, ações imitativas ou magia imitativa, também chamada de magia popular, em que utiliza-se de elementos alusivos, correspondências mentalistas e correlações das propriedades naturais à finalidades específicas. Um praticante de Simpatia usa-se de objetos simbólicos ou efígies, geralmente chamados de Dagyde ou Poppet, ou seja, para que se tenha afeição ao alvo que se deseja curar, no intuito de que a distância física se desfaça e se estabeleça uma ligação energética de si próprio com este alvo; então, posteriormente, realiza as operações ritualísticas, conjurações e/ou encantamentos que trarão efeitos, consequentemente, sobre a realidade cognoscível. 

Em magia, faz-se uso da (a) paixão e/ou da (b) vontade, pois, quando a razão é carregada intensamente de uma emoção torna-se uma "combustão mágica": este combustível, seja (a) instintivo ou (b) conscientemente, quando liberado trás efeitos mágicos sobre a realidade. A (a) combustão instintiva ocorre geralmente quando pessoas, que trabalham a magia sem nenhuma lei ou ética, utilizam-se da paixão de modo desprovido de consciência, levando à prática de atos injustos e perturbações sobre a realidade cognoscível, o que, por sua vez, denomina-se feitiço ou goétiaenquanto que, (b) a combustão consciente, é feito uso quando uma pessoa, consciente de si e do outro, utiliza a sua vontade desperta para moldar a realidade cognoscível, pautando sua magia conforme a ética, então chamamos de alta magia, a qual pode fazer uso de instrumentos para auxílio ritualístico, mas, no entanto, por ser uma maneira em que a magia é aprendida e treinada inteligivelmente, também possui habilidades para realizar sua magia sem nada de instrumentos físicos em mãos. 
A prática de simpatia - assim como o encantamento, o cântico, a invocação e a evocação - é um ato utilizado tanto no trabalho com a Alta Magia (a qual se utiliza de ritualismos, treinamentos inteligíveis, cerimonias complexas e estudo das leis ocultas que regem a natureza) quanto no trabalho com a Baixa Magia (que faz uso de elementos físicos comuns). Além destes dois aspectos, há a Magia Naturística ou Magia Simpática. Do ponto de vista da Bruxaria, a lei de ação e reação ou lei de retorno, chamada de Lei Tríplice na Bruxaria, se encarregará de dar o troco pelos nossos atos, isto é, colhemos o que plantamos e a colheita geralmente é sempre maior que o plantio. Como uma Bruxa, na antiguidade, pronunciou seu encantamento: "Eu dedico à Mãe dos Deuses todas as moedas de ouro que perdi, para que ela as encontre e traga-as à luz e puna aqueles que as roubaram, de uma maneira digna de Seu poder e para que Ela não seja motivo de difamação". Outra Bruxa, no passado, disse: “A Lei [das Bruxas] não pune as mulheres que professam a Arte, mas sim aqueles que a emprega para fins perversos”, isto é, a magia deve se pautar na lei de justiça ou de bem comum. É tão simples ser justo, mas, as pessoas gostam de ser egocêntricas ou malévolas, porém, é um dever da Bruxa desvencilhar-se do egocentrismo e trabalhar suas próprias sombras e personas. Boa Sorte!