Livro: "Enciclopédia de Wicca e Bruxaria"
Autor: Raven Grimassi
Franco-Maçonaria
"A Franco-Maçonaria é considerada por muitos como a mais ampla sociedade secreta no mundo hoje. Muitos estudiosos modernos acreditam que as Tradições de Bruxaria contemporâneas (como a Tradição Gardneriana) têm base direta nos elementos rituais Maçons adotados tanto no século dezenove quanto no século vinte. Os estudiosos modernos apontam para a inclusão disso como um sistema de iniciação de três graus e o “beijo quíntuplo” como apoio evidente a sua alegação. Tais conceitos, entretanto, datam de muito antes em fontes não Maçônicas. Doreen Valiente, na introdução de seu livro "Witchcraft for Tomorrow", afirma que os dois Maçons (Hargrave Jennings e W.J. Hughan) começaram a procurar no meio do século dezenove pela "verificação pessoal de que os criadores da Arte Maçônica e os Criadores Rosacruzes eram irmãos na Antiga Religião." Valiente afirma que como resultado, estes Maçons tiveram um relacionamento íntimo com George Pickingill (o Bruxo de Canewdon) a partir de 1850
1. A preparação do iniciado através de um banho e uma limpeza que era tanto física quanto simbólica. [algo que também há na Bruxaria.]
2. A iniciação, que passa o iniciado através dos Graus Menores e Maiores. Mackey compara isto com o que ocorre com a Franco-Maçonaria com relação ao Membro da Arte e ao Grau de Mestre.
3. A prefeição, que transmite o "verdadeiro dogma" ou o "Grande Segredo" simbolizada pelo próprio rito de iniciação. Mackey afirma que isto é idêntico na Franco-Maçonaria.
4. O segredo natural tanto da Franco-Maçonaria quanto da Tradição de Mistérios Pagã.
5. O uso de símbolos.
6. A forma em drama da iniciação.
7. A divisão de ambos os sistemas em graus ou passos.
8. A adoção dos métodos e reconhecimentos secretos de ambos. [A Bruxaria também tem "Aperto de Mão" e Senhas e Contra-senhas que os novatos desconhecem.]
Mackey faz uma pergunta interessante em seu capítulo:
"A Franco-Maçonaria moderna é linear e de sucessão ininterrupta desde os Mistérios antigos, sendo a sucessão transmitida através das iniciações Mitraicas (referentes a Mitras) que existiam nos séculos cinco e seis; ou é o fato das analogias entre os dois sistemas que são atribuídos a coincidência do processo natural do pensamento humano, comum a todas as mentes e mostrando o seu desenvolvimento nas formas simbólicas?"
A associação da experiência humana e o resultado da própria expressão humana é um elemento importante a ser considerado quando comparamos os sistemas de crenças. O próprio Mackey registra que a única "diferença importante" entre os vários cultos de Mistérios criados pela humanidade era nas figuras em particular/especial dos Deuses e herois, a não ser por isso "o material aponta que o enredo e o projeto religioso do drama sagrado eram idênticos". Mackey continua a afirmar que as formas e representações da alegoria empregadas pelas várias Escolas de mistérios da Grécia, Samotrácia, Egito e Pérsia eram "preservadas em todos os lugares". Mackey registra que os Mistérios eram divididos em duas classes chamados de Mistérios Maiores e Mistérios Menores. Ele comenta sobre o estágio de preparação na antiga Tradição de Mistérios e conclui: "Sendo assim, havia no processo de recepção um sistema de três passos, nos quais aqueles que apreciam traçar analogias entre as iniciações antigas e modernas sejam propensos a chamá-los de graus." É interessante observar aqui a referência a antiguidade do conceito dos "três níveis/graus". Isto é algo comum para a maioria das Tradições atuais da Bruxaria Moderna. [Como vemosem Lois Bourne , a diferença é que, na Bruxaria Gardneriana, o sistema de graus é Primeiro, Segundo e Terceiro, e, na Bruxaria Tradicional, Terceiro, Segundo e Primeiro.]. No encerramento de seu capítulo, Mackey afirma que a "forma e a característica" de certos rituais Maçônicos como os Rito do terceiro grau eram derivados da "lenda funeral" das antigas iniciações. Na Franco-Maçonaria este tema é estilizado para incorporar a história mítica ralacionada com Hiram Abiff, o chefe dos trabalhadores que construíam o templo do Rei Salomão. Este truque servia para alinhar a Franco-Maçonaria com as raízes Judaicas a fim de estabelecer a paz com os Cristãos no que diz respeito ao Paganismo. Em essência, no entanto, a "lenda funeral" é o tema clássico da descida ao Submundo e o retorno deste local. É um tema relativo que reside em tais Tradições de Mistérios como o culto dos Mistérios Eleusinos da antiga Grécia, que focalizava a Deusa no Submundo e o seu retorno do Reino dos Mortos. Em muitas Tradições de Bruxaria Moderna o mesmo tema essencial pode ser encontrado dentro de um tema ritual. Mais uma vez, estamos olhando para uma fonte comum pré-datando o encontro de um grupo de Bruxas com a franco-Maçonaria.
Em 1924, um Maçom chamado W. Ravenscroft publicou um livro intitulado "The Comacines". Este livro tratava da concepção das origens da Franco-Maçonaria que residem no antigo Conselho Romano dos Artífices, cuja existência é confirmada em uma carta que se refere ao "conselho dos trabalhadores" escrito ["a carta foi escrito". Concordância perfeita.] por Plínio ao Imperador Trajano no final do primeiro século. Com relação aos tópicos sobre as origens da Franco-Maçonaria Ravenscroft escreve: "Alguns associaram-na com o ensino de Euclides... alguns com o culto de Mitras como era praticado em Roma e desta forma, voltando aos primórdios da antiga veneração solar Persa. Outros dizem que foi uma consequência dos Mistérios Gregos; outros, ainda, que ela foi ensinada pelos Essênios... e que eles descendem dos arquitetos do Templo de Jerusalém; outros mais uma vez, acham que ela foi trazida à Inglaterra pelos Culdess (monges originários da Irlanda e da Escócia)... e eram associados com o Conselho Romano...". Sabe-se que os soldados romanos na metade do Império pertenciam ao culto de Mitras. Um exemplo é a Segunda legião Adiutrix (cerca de 69 E.C.), o qual servia na Bretanha e Anquincum no Danúbio. Também existe um pouco de especulação que a Primeira legião Itálica e a Nona legião Cláudia possam ter espalhado elementos dos Mistérios de Mitras por todas as províncias do Danúbio. É então relativamente seguro presumir que os elementos da filosofia Mitraica eram introduzidos nas terras conquistadas e guardadas pelas legiões de Roma. A veneração e o sacrifício do touro estão no centro do culto de Mitra, o qual era essencialmente uma religião de orientação solar. Em ambas as observações há uma forte conexão neste ponto com as crenças e práticas dos Druidas nas Ilhas Britânicas. A despeito do ódio dos Romanos pelos Druidas, também era bem provável que vários elementos do Culto de Mitra fossem convincentemente ignorados pelos os Druidas. No capítulo seguinte vamos explorar a conexão entre o touro e o Deus cornífero da Bruxaria.
"A Franco-Maçonaria moderna é linear e de sucessão ininterrupta desde os Mistérios antigos, sendo a sucessão transmitida através das iniciações Mitraicas (referentes a Mitras) que existiam nos séculos cinco e seis; ou é o fato das analogias entre os dois sistemas que são atribuídos a coincidência do processo natural do pensamento humano, comum a todas as mentes e mostrando o seu desenvolvimento nas formas simbólicas?"
A associação da experiência humana e o resultado da própria expressão humana é um elemento importante a ser considerado quando comparamos os sistemas de crenças. O próprio Mackey registra que a única "diferença importante" entre os vários cultos de Mistérios criados pela humanidade era nas figuras em particular/especial dos Deuses e herois, a não ser por isso "o material aponta que o enredo e o projeto religioso do drama sagrado eram idênticos". Mackey continua a afirmar que as formas e representações da alegoria empregadas pelas várias Escolas de mistérios da Grécia, Samotrácia, Egito e Pérsia eram "preservadas em todos os lugares". Mackey registra que os Mistérios eram divididos em duas classes chamados de Mistérios Maiores e Mistérios Menores. Ele comenta sobre o estágio de preparação na antiga Tradição de Mistérios e conclui: "Sendo assim, havia no processo de recepção um sistema de três passos, nos quais aqueles que apreciam traçar analogias entre as iniciações antigas e modernas sejam propensos a chamá-los de graus." É interessante observar aqui a referência a antiguidade do conceito dos "três níveis/graus". Isto é algo comum para a maioria das Tradições atuais da Bruxaria Moderna. [Como vemos
Em 1924, um Maçom chamado W. Ravenscroft publicou um livro intitulado "The Comacines". Este livro tratava da concepção das origens da Franco-Maçonaria que residem no antigo Conselho Romano dos Artífices, cuja existência é confirmada em uma carta que se refere ao "conselho dos trabalhadores" escrito ["a carta foi escrito". Concordância perfeita.] por Plínio ao Imperador Trajano no final do primeiro século. Com relação aos tópicos sobre as origens da Franco-Maçonaria Ravenscroft escreve: "Alguns associaram-na com o ensino de Euclides... alguns com o culto de Mitras como era praticado em Roma e desta forma, voltando aos primórdios da antiga veneração solar Persa. Outros dizem que foi uma consequência dos Mistérios Gregos; outros, ainda, que ela foi ensinada pelos Essênios... e que eles descendem dos arquitetos do Templo de Jerusalém; outros mais uma vez, acham que ela foi trazida à Inglaterra pelos Culdess (monges originários da Irlanda e da Escócia)... e eram associados com o Conselho Romano...". Sabe-se que os soldados romanos na metade do Império pertenciam ao culto de Mitras. Um exemplo é a Segunda legião Adiutrix (cerca de 69 E.C.), o qual servia na Bretanha e Anquincum no Danúbio. Também existe um pouco de especulação que a Primeira legião Itálica e a Nona legião Cláudia possam ter espalhado elementos dos Mistérios de Mitras por todas as províncias do Danúbio. É então relativamente seguro presumir que os elementos da filosofia Mitraica eram introduzidos nas terras conquistadas e guardadas pelas legiões de Roma. A veneração e o sacrifício do touro estão no centro do culto de Mitra, o qual era essencialmente uma religião de orientação solar. Em ambas as observações há uma forte conexão neste ponto com as crenças e práticas dos Druidas nas Ilhas Britânicas. A despeito do ódio dos Romanos pelos Druidas, também era bem provável que vários elementos do Culto de Mitra fossem convincentemente ignorados pelos os Druidas. No capítulo seguinte vamos explorar a conexão entre o touro e o Deus cornífero da Bruxaria.
Dentro do Culto de Mitras existia o que se referia como as cenas de investidura, que retratavam as imagens rituais associadas com o simbolismo do culto que ostenta uma impressionante semelhança relativa aos elementos rituais dentro da Franco-Maçonaria. No livro "The Origins of the Mithtraic Mysteries", por David Ulansey, as ilustrações contendo imagens, símbolos e instrumentos dentro do Culto de Mitras são similares no estilo daquelas da Franco-Maçonaria, conforme aparecem no livro "Duncan's Ritual of Freemansonry". Também é interessante comparar os "Cinco Pontos da Sociedade" na Franco-Maçonaria (pés, joelhos, peito, costas, cabeça) com a estátua Órfica de Mitras na qual a divindade é dividida em Cinco Segmentos por uma Serpente Enrolada ao redor de seus Pés, Joelhos, Peito, Costas e Cabeça. [Na Bruxaria também têm "Five Points of Fellowship", mas são os genitais, e não as costas] Ulansey comenta que o simbolismo empregado no Culto de Mitras indica o poder de Mitras para encerrar um ciclo cósmico [o Taurobóleo mitraíco deveria ser repetido a cada vinte anos: Eis um ciclo] e começar um novo para que ele possa controlar a estrutura fundamental do universo. Esta não é a imagem do mestre construtor de si mesmo, o mais grandioso dos Franco-Maçons? Conforme observado no livro "The Cults of the Roman Empire", por Robert Turcan, os instrumentos simbólicos dos Mistérios de Mitras eram o Bastão de comando, a Taça de libação e a Faca em forma de crescente. O pantáculo não parece estar presente como tal, embora exista um uso extensivo de uma "tigela" não retratada nos registros. Um outro instrumento mencionado para uso ritual é a Espada, e o Açoite solar. [Eis os principais instrumentos da velha Bruxaria, que antecedem a criação da Maçonaria.] Os principais rituais dos Mistérios de Mitras eram centralizados em torno de uma refeição sagrada [assim como a Bruxaria têm seu Banquete Simples.]. Os Turcos registram que os Solstícios e Equinócios tinham grande importância dentro do Culto de Mitras. A Lua também é retratada nos Mistérios de Mitras como sendo associada com o mel, o touro e o sangue. Este uso ritual do Bastão, da Taça, da Espada e da tigela pré-datam a Franco-Maçonaria e a Bruxaria Gardneriana. O que estamos procurando aqui é a associação da experiência humana e não a exclusividade dos conceitos e elementos Maçônicos."