{Segue abaixo o livro "Sobre os Mistérios Egípcios", a obra dedicada ao Mestre Abammon por Iamblicus, mago e bruxo do Clã Platônico, criada no período da antiguidade tardia, a partir de correspondências ou cartas com demais sacerdotes e iniciados da Bruxaria ou Arte dos Sábios que operavam no Egito. Ao ler, é importante observar as similitudes presentes com a liturgia da moderna "Tradição Gardneriana", da Bruxaria Moderna}.
Capítulo 1. Carta de Porphyrius para Anebo
Saudação! Vou começar esta correspondência amigável contigo, com vista à aprendizagem que se acredita acerca dos Deuses e dos
bons Daimones e, de forma
semelhante, as diversas indagações filosóficas em relação a Eles. Muitas coisas
foram estabelecidas
sobre estes
assuntos
por
parte dos Filósofos, mas, a maior parte, parece ser derivada da substância conjeturada de suas próprias crenças.
1. Os Deuses e suas Especificidades
Em primeiro lugar, é
preciso ser tomado como premissa de que existem Deuses. Pergunto então: Quais
são
as especificidades
das
raças superiores, pelas
quais estas
se
diferenciam uma da outra? Devemos
supor que a causa da distinção seja as
suas
energias
ou
seus movimentos passivos, ou aspectos
consequentes ou uma classificação estabelecida pela diferença de corpos: os Deuses sendo distinguidos pelo elemento etéreo, os Daimones
pelo elemento aéreo e as almas pelo elemento terreno?
Assim como os Deuses habitam apenas os céus,
peço, portanto, por que são realizadas as invocações nos ritos teúrgicos dirigidas a Eles como sendo da Terra e do Submundo? Como é que,
apesar de possuir poder ilimitado, indivisível e onipresente, alguns deles são mencionados
como sendo da água e da atmosfera, e que os
outros são distribuídos
por limitações
definidas para lugares
diferentes e em partes
distintas do corpo? Se Eles
estão realmente separados por limitações
circunscritas de peças, e de acordo com a diversidade de lugares
e sujeitos a corpos, como haverá qualquer união de uns
para
com
outros? Como podem os Teósofos ou
Filósofos considerá-Los
como impressionáveis? Por que se diz que, em decorrência disso, as
imagens fálicas são configuradas e que “a linguagem indecente” é utilizada nos ritos? Certamente, se estes
estiverem impassíveis e indiferentes às invocações
dos
Deuses, anunciando inclinações favoráveis, propiciações de
sua
ira e sacrifícios
expiatórios, ainda mais chamados de "necessidades dos Deuses", será totalmente inútil. Pois o que é impassível
ou não receptivo não
pode
ser encantado, fortalecido ou constrangido pela necessidade.
Por que, então, são realizadas
muitas práticas com Eles em ritos
sagrados, como para os
seres impressionáveis?
As invocações são realizadas
com os Deuses que são seres impressionáveis, de modo que fica implícito que não só
os
Daimones são impressionáveis, mas,
da
mesma forma os Deuses, como foi declarado por Homeros: "Até mesmo os
próprios Deuses são
complacentes". Suponha-se, então, dizer
que – como determinadas
pessoas
têm
afirmado
– os Deuses são essências mentais ou sutis puras e que,
os
Daimones, são seres psíquicos
ou astrais que participam da mente. O fato é que, no entanto, as essências mentais puras
não
podem se encantar ou se misturar com os elementos sensoriais ou astrais, e que os
clamores ou súplicas que são realizados
constituem algo totalmente estranho a esta pureza da substância mental. Mas, por outro lado, os
elementos oferecidos
são, assim, realizados através
da natureza sensorial
e psíquica. Então, os
Deuses são separados dos Daimones pela distinção de
corpo e sem veículo? Se, no entanto, apenas os Deuses são incorpóreos, como o Sol, a Lua e os astros
visíveis
nos céus são contados
como Deuses? Como é que alguns deles são doadores
de
bondade e outros, de maldade? Qual é o elo de união que liga as divindades celestiais
que possuem corpos com os Deuses que não possuem veículos? Os Deuses
que
são visíveis podem ser incluídos na mesma categoria com os invisíveis, [isto é,] o que distingue os Daimones visíveis e invisíveis, da mesma forma que os Deuses?
2. As Raças superiores e suas Manifestações
Em que um Daemon difere de um Herói ou de uma Deidade ou de uma Alma? É devido à essência, ao poder ou à
energia? Qual é o sinal da presença de uma Deidade ou de um Anjo ou Arcanjo ou de um Daemon, ou de um
Arconte
ou Regente ou de uma Alma? Pois, é uma coisa comum com os Deuses e Daimones igualmente, e com todas
as raças
superiores, para falar orgulhosamente e projetar uma imagem irreal em vista. Daí a raça dos Deuses
é,
assim parecer ser, em nenhum aspecto superior à dos Daimones. Também é reconhecido que a ignorância e a ilusão em
relação aos
Deuses constituem irreligiosidade
ou superstição e impureza, e que o conhecimento superior em relação a Eles
é santificado
e útil: sendo, o primeiro, a escuridão da ignorância em relação às
coisas
reverenciadas
e belas, e, o último, a luz do
conhecimento. A
antiga condição fará com que os seres
mortais sejam cercados
de
toda espécie de mal por ignorância e imprudência, mas, a última
[descrita], é a fonte de tudo o
que é benéfico.
3. Oráculos e Adivinhações
O que acontece na divinação? Por exemplo, quando
estamos dormindo que muitas vezes
vêm, através
dos sonhos, a uma percepção das
coisas
que
estão prestes
a ocorrer, nós não estamos
em
um êxtase cheio de
comoção ou
arrebatamento, pois, o corpo está em repouso, mas nós
não
nos prendemos
a essas coisas
tão
claramente como
quando estamos acordados.
Da mesma forma, muitas pessoas também chegam a uma percepção do futuro através de um êxtase entusiasmado e um impulso divino, quando concomitantemente, tão completamente acordado, os sentidos
estão em plena atividade. No entanto, eles, de modo nenhum o acompanharão
conjuntamente à matéria ou pelo menos
não
a atendem, assim como
também quando estiverem em sua condição normal. Desta
forma, também, alguns
dentre estes
frenéticos se entusiasmam ou se inspiraram ao
ouvir o toque dos címbalos, tambores ou algum cântico
de coral; como por exemplo, aqueles que são adeptos dos Ritos Coribantes, aqueles
que são possuídos
nos Festivais Sabáticos [do Clã Sabático/Batesiano] e aqueles que estão celebrando os
Ritos
da
Mãe Divina [do Clã Metragirta]. Outros, ainda, são inspirados quando bebem água, como o sacerdote de Apollon
Clarius em Cólofon [na Turquia], outros quando sentados sobre cavidades na terra, como as Sibilas
que anunciam os Oráculos
de
Delfos, outros
quando afetados
por
vapores a partir da água, como as Sibilas de
Brânquidas [em Dídimos], e outros quando de pé em marcas
recuadas, como aqueles que foram preenchidos
a partir de um influxo imperceptível do
pleroma ou plenitude divina. Outros,
que se entende em outros
aspectos,
tornam-se inspirado pela extravagância: alguns tomados
pelo aspecto da escuridão, outros empregando determinadas poções, e outros, ao
sujeitar-se ao cântico e a figuras
mágicas. Alguns
são
tocados por meio de água, outros contemplando em uma parede,
outros pelo ar semi-etéreo, e outros
pelo sol ou alguma
outra luz celeste. Alguns, também, estabeleceram a técnica de procurar o
futuro por meio de entranhas [de animais mortos], [leitura do voo dos] pássaros e [constelações e posições das] estrelas.
O que eu pergunto é a natureza da adivinhação, qual
é o
seu caráter peculiar? Todos
os adivinhos
afirmam que chegam à presciência do futuro através de Deuses
ou Daimones, e que não é possível para os outros para ter alguma ideia do que, apenas estes,
possuem o comando sobre as coisas
que ocorrerão. Eu contrario, portanto, se o poder divino é trazido para baixo a tal subserviência aos
mortais como, por exemplo, não manter-se distante de qualquer um que seja
adivinho com o
alimento de cevada. No entanto, em que diz respeito à origem do ofício oracular, duvida-se que uma
Deidade, Anjo, Daemon ou algum outro tipo de ser, esteja presente nas
manifestações, epifanias,
adivinhações ou em qualquer outro desempenho sagrado, como tendo sido desenhado através de si pelas necessidades
criadas
pelas invocações. Alguns
creem que a própria alma
profere ambos e imagina tais coisas, e que existem condições semelhantes igualmente que
tenham sido produzidas a partir de pequenas faíscas, outros, de que existe determinada forma mesclada da substância produzida a partir de nossa própria alma e do divino na respiração, outros, que a alma, através de atividades, gera de si uma faculdade da imaginação em relação ao futuro, ou então que as
emanações
do reino da matéria trazem daimones
à existência por meio de suas
forças inerentes, especialmente quando as emanações
são
derivadas de animais.
Estas conjecturas
são
estendidas para as seguintes
afirmações: 1) Que durante o sono, quando não estamos
envolvidos com qualquer ação, às
vezes
surge à chance de obter percepção do futuro;
2) Que da mesma forma, uma evidência de que a condição anímica é
a principal fonte do
ofício divinatório é
mostrado pelos fatos que os
sentidos são mantidos sob controle, sendo empregados aromas e invocações para esse fim; e
que, de nenhuma maneira todas as
pessoas, mas apenas as
mais ingênuas
e jovens, são adequadas para esta
finalidade; 3) Que deste modo, o êxtase
ou a alienação da mente é a origem principal do
ofício de adivinhação; também a euforia
que
ocorre com dores ou aberrações mentais, abstinência de vinho ou sufusão do corpo,
fantasias colocadas em movimento por condições
obscuras ou estados equívocos
da
mente, como pode ocorrer durante a abstinência e êxtase, ou aparições que
se levantam por meio de
técnicas mágicas; 4) Que tanto o reino da natureza, o
ofício e o sentimento em coisas comuns
em
todo o universo, como uma das partes de um animal contêm prenúncios
de
determinadas coisas
com referência a outras; além disso, há corpos constituídos
de
tal modo que seja um prenúncio de uns para os outros; exemplos
deste tipo são manifestos
por
meio das
coisas
construídas, a saber: que os que fazem as invocações carregam pedras e
ervas, amarram nós sagrados e desatam estes, bloqueiam
lugares que são abertos e alteram os desejos
dos
indivíduos por quem
eles são
entretidos, de modo que sendo insignificantes sejam dignos; eles
também são capazes
de
reproduzir figuras
místicas
[ou Dagydes] que não são realizadas em baixa estima. Para eles que assistem o curso dos corpos celestes, contam a partir da posição e relação de um destes astros com outros se os
anúncios oraculares do planeta regente será falso ou verdadeiro ou se os ritos que foram realizados terão alguma finalidade, ou se serão
expressivos ou arcaicos, embora
nenhuma divindade ou Daemon aparece
para eles; há alguns, no entanto, que suponho que é também o curso do movimento da natureza complexa, sábia e que assume todas as formas, transformando muitos aspectos, que personifica Deuses e Daimones e as almas dos
mortos como atores no palco e que, através destes,
possibilita aparecer o que é bom ou ruim; eles
são levados a formar este juízo, porque esses sujeitos-espíritos
não
são capazes de contribuir com algo realmente
benéfico como se relaciona com a alma, nem mesmo de perceber essas
coisas, mas, por outro lado, eles
tratam
com maldade, ridicularizam e muitas
vezes impedem aqueles que estão retornando à prática
da virtude; eles
são
igualmente cheios de vaidade ou paixões, e possuem
prazer em vapores e
sacrifícios;
e 5) Porque o sacerdote iniciando
com a boca aberta tenta
de várias maneiras
elevar nossas
expectativas.
4. A Invocação dos Poderes Teúrgicos
ou de Manifestação Divina
Isso me deixa muito
perplexo para formar uma concepção, como os que são invocados
como seres superiores são igualmente ordenados como inferiores e, também, que eles exigem do
adorador para ser justo, embora
quando [os adoradores] suplicam, eles
[os seres superiores] dão consentimento para executar atos injustos. Eles não vão ouvir a pessoa que está invocando se ela é ou
não pura de contágio sexual, mas eles mesmos
não
hesitam em levar as pessoas a oportunidades em relações
sexuais ilícitas.
5. Sacrifícios e Orações
Eu sou igualmente
cético em relação aos sacrifícios e sua utilidade ou poder que possuem no mundo e para os
Deuses, e por que razão eles
são
realizados ou apropriados para os seres, assim,
honrados e vantajosamente para as
pessoas
que
apresentam as oferendas. Também, os Deuses
exigem que os
intérpretes dos oráculos observem estrita abstinência de substâncias de origem animal, a fim de que eles não se
tornem impuros pela fumaça dos corpos, mas eles
mesmos
são
atraídos, sobretudo, pela fumaça dos
sacrifícios de animais.
6. Condições para Resultados Bem Sucedidos
Também é necessário que o Epopta ou adivinho deva ser puro a partir do contato de qualquer coisa morta e
também de ritos
empregados para materializar Deuses
que envolvam, como muitos deles, o meio eficaz de matança de animais. Então, o que
é mais absurdo do que essas coisas que um mortal, inferior em dignidade, deva fazer uso de ameaças, e não a um Daemon ou à uma alma de pessoa morta, mas ao
próprio Rei Sol, à Lua ou
à qualquer um dos Deuses nos céus, pronunciar falsidade ou engodo, a fim de que Eles possam ser afetados para falar a
verdade? Para a acusação de que se irá assaltar o céu, de que se irá
revelar para verem o Mistério de Isis, de que se irá expor ao
olhar público o símbolo inefável do santuário mais íntimo,
de que se irá parar o Baris, que, como Typhon,
ele vai dispersar
dos membros de Osíris, ou fazer algo de caráter similar, o que é um absurdo, mas
extravagante,
ameaçando que não se sabe nem se é capaz
de
realizar? O abatimento de espírito que não se produz naqueles que, como crianças destituídas de sabedoria, estão consternados,
com
o medo infundado e aterrorizados por estes alarmes falsos? E ainda Chairemon, o escriba do Templo, registra essas
coisas como discurso corrente entre os sacerdotes egípcios.
Diz-se também que estas ameaças e outras de igual teor, são muito violentas.
7. Nomes Sagrados e Expressões Simbólicas
As orações também: o que elas
querem dizer quando falam do que vem do lodo para a luz, sentado na Flor de Lótus, navegando em um barco, mudando as formas de acordo com a estação e assumindo a forma de acordo com os sinais de do Zodíaco? Por isso tais
aspectos são ditos serem vistos nos embalses
cadavéricos, e jamais
são atribuídos à divindade um incidente peculiar de sua própria imaginação. No entanto, se essas expressões são proferidas
em
sentido figurado
ou literal e constituem representações
simbólicas de suas
forças, deixe-os dizer a interpretação dos
símbolos. Pois é claro
que,
se eles denotam a condição do Sol, como em eclipses, seriam vistos por cada pessoa
que prestou atenção. Também, por que
os termos
preferidos
são
ininteligíveis, e aqueles que são
ininteligíveis por que os estrangeiros ou foragidos preferem ao invés daqueles de nossa própria língua? Porque, se aquele que
ouve
dá atenção para a significação, é o suficiente para que o conceito permaneça o mesmo, seja qual for o termo que possa ser. Para a divindade que é invocada, possivelmente, não é da raça egípcia, e se caso
seja dos egípcios, está longe de fazer uso da língua egípcia ou mesmo de qualquer língua mortal
que seja. Ou isso tudo são artifícios encenados
de
mágicos enganadores ou feiticeiros e disfarçam ter sua origem nas
condições
passivas induzidas
por nós em serem atribuídos à ação divina, ou deixamos despercebidas as concepções da natureza divina que são contrárias ao que é.
8. A Causa Primária
Eu desejo-lhe que
você ainda possa declarar a mim o que os Filósofos ou Teósofos egípcios acreditam que a Causa
Primária seja;
se é a mente ou superior à mente; e se constitui
apenas um ou subsiste com outro ou com diversos;
se possui veículo ou se é incorpóreo; se é o mesmo que o Artesão do Mundo (Demiurgos) ou precede
o Artesão; ainda se eles têm,
também, conhecimento acerca da
matéria prima
ou primordial;
ou do que
os primeiros corpos da natureza se
constituíram; e se a matéria prima ou primordial possui origem ou se é
incriável [em si mesma]. Para Chairemon e outros, sustentam
que não
há
qualquer outra coisa antes dos mundos
que
contemplamos. No início de seus discursos
adotam as divindades
dos egípcios, mas não a outros
Deuses, exceto os
chamados Planetas, aqueles
que compõem o Zodíaco e que estão em ascensão com estes, e também os que estão divididos em decanos,
aqueles que indicam o
nascimento, e aqueles que são chamados de
arcontes poderosos. Os nomes
destes
são
preservados nos Manuais, juntamente com a sua rotação de mudanças, seus ápices e
constelações e seus significados de eventos
futuros. Para estes
homens perceberam que as
coisas que foram ditas acerca do Deus Sol e do Demiurgos ou Artesão
do Mundo [Ptah ou Hephaistos ou Tubalcain], e sobre Osiris e Isis, e todas
as
lendas sagradas, podem ser interpretadas como relativas às estrelas, as
suas fases, segredos e mudanças em suas órbitas, ou então, para o
crescimento e minguamento da Lua, o trajeto
do Sol, o firmamento dos céus como visto à noite e ao dia, ou [as
secas e as cheias pluviais] do rio Nilo, e, em suma, eles explicam todas as coisas relacionadas aos
objetos
da natureza, e nada possuem
como referência às
essências vivas
incorpóreas. Além de
eles também atribuírem ao movimento das estrelas, o que podem dizer respeito a nós. Eles creem que a tudo se liga, não sei como, pelos laços indissolúveis da necessidade, que o tempo
destina ou dispõe, e também que
tudo se conecta com esses Deuses a quem eles
adoram em templos
e com imagens
de
escultura e outros
objetos, como sendo os únicos
ligam ou determinam o destino.
9. Natalidade e Daimones
Guardiães
A próxima coisa a ser aprendida relaciona-se com o Daemon guardião,
como o Senhor da Casa [Casa Décima Segunda, no horóscopo]
atribui-se a ele, de acordo com o propósito ou com
sua qualidade de
emanação ou de vida ou de poder próprio para nós, se ele realmente existe ou não existe, e se é possível ou
impossível, na verdade, para encontrar o Senhor da Casa. Certamente, se for possível, então a pessoa que
aprendeu o esquema do seu nascimento, sabendo o seu próprio Daemon guardião, é liberado das
tramas do destino e é favorecido realmente pela divindade. No entanto, as
regras para a fundição
desta natalidade são incontáveis e além da compreensão. Além disso, é impossível realizar análises a partir de observações
dos astros para elevar-se a um autêntico
conhecimento, pois, há grande divergência em relação a ele, e Chairemon, assim como muitos outros, têm falado contra
ele. Daí a suposição de que
um senhor da Casa (ou senhores da casa, se houver mais de um) pertence à determinado nascimento que é confessado pelos astrólogos, está quase além de uma comprovação absoluta e, ainda, é a partir dessa
premissa, dizem eles, que a determinação do próprio Daemon particular da pessoa é possível.
Mas, além disso, eu gostaria de ser informado se o nosso Daemon particular preside alguma região
específica dentro de nós. Pois,
parece ser acreditado por algumas pessoas que não são
atribuídos os Daimones
às regiões específicas do corpo: um à saúde, um à
forma ou figura, e outro aos hábitos
corporais, formando
um
laço de união entre eles, e que um é colocado como superior sobre todos eles em comum [ou seja, refere-se aos Daimones que nosso ser está
ligado e que, portanto, podem ser tanto bons, propiciadores de saúde, proteção
e cuidado, quanto maus, a exemplo de espíritos que são vampiros, molestadores,
causadores de desgraças e vinganças].
E mais, eles supõem que há um Daemon
guardião do corpo, outro da alma, e outra da mente superior
[isto é, nosso ser é um Daemon que, como diz o mito pagão de Bellerophon ou Habel ou Belus, este cria filiações de sub-Daimones — o "Caineus" ou "Qayin" ou "Hayk" ou "Khimaira", os quais, após a morte física, são reunidos no Daemon que somos, caso seja conciliante com o
Daemon essencial que somos e transcendentemente compomos, o Número; caso contrário, podem haver Daimones sub-Numéricos que, por
não ter concílio com o Daemon que verdadeiramente somos, são abandonados ou derrotados para o plano
físico ou plano astral inferior — os Lêmures ou "Kakodaimones" — por sua impureza numérica; alem do mais, os Daimones apenas podem ser compreendidos em sua real natureza a partir do estudo da Filosofia Antiga, ou misticismo rosacruz]; também, que alguns daimones são bons e
outros, ruins. Estou em dúvida, no entanto, se o nosso Daemon em particular não pode ser uma parte especial
da
alma [refere-se ao espírito ou Daemon que somos ou
mesmo das almas ou sub-Daimones que são superiores: vide o mito, como ensinado
pelas Bruxas, do Herói Bellerophon e a derrota do monstro Khimaira], e, portanto, aquele que tem a mente imbuída de bom senso seria o verdadeiro favorecido.
Observo, além disso, que existe uma dupla adoração do Daemon
pessoal, que alguns também a realizam como sendo dois
e, outros, como sendo três; mas, no entanto, ele é invocado por todos com uma forma comum de invocação.
10. Felicidade ou Sucesso
Verdadeiro
No
entanto, eu questiono se
não pode haver algum outro caminho secreto para o verdadeiro sucesso ou
felicidade que seja distante
do embasamento nos [ritos dos]
Deuses. Duvido que
seja realmente necessário dar qualquer crédito
quanto à opinião das pessoas sobre o dom divino da divinação e teurgia [ou seja, a Arte dos Sábios ou Bruxaria,
incluindo a prática de manifestação de Deuses ou teurgia, não se baseia em
opiniões, dogmas que exigem crença sem evidência ou qualquer superstição que seja], e, se a alma não possui inicialmente tais coisas, forma em seguida grandes
concepções [isto é, a crença calcada na certeza ou
conhecimento espiritualmente provável]. Ao contrário, existem também
outros métodos para a obtenção de
premonições podem ter lugares. Talvez, eles
também exerçam o divino ofício divinatório que pode de fato prever, e ainda assim eles não são realmente bem-sucedidos: porque eles podem prever eventos
futuros e não sabem fazer, por si próprios, o uso correto da previsão. Por
isso, eu desejo que você mostre o caminho para o verdadeiro sucesso ou felicidade e de que sua a essência é composta. Por entre nós não somos de muita disputa, como se bem
pudesse ser derivado de raciocínios
humanos por comparação de pontos de vista.
No entanto, se esta parte da investigação – a comunhão íntima com a raça superior
– é
percorrida por aqueles
que
planejaram, os saberes serão ensinados por eles para um
propósito trivial, como chamar a Mente Divina ou Alma do Mundo para participar na descoberta de um escravo fugitivo, ou na compra de um terreno,
ou, se isso deverá acontecer, para
um casamento ou para uma questão de comércio. Porém,
suponhamos
que
o assunto da comunhão íntima com a raça
superior não tenha ficado no passado e que, portanto,
aqueles
que estão em conexão
dizem coisas
que
são extremamente autênticas sobre assuntos diferentes, mas, nada de importante ou de confiança em relação ao verdadeiro sucesso, empregando-se diligentemente com as
questões que são difíceis, mas de nenhuma utilidade para os mortais, então não haveria Deuses nem bons Daimones
presentes, mas, ao contrário, um Daemon conhecido como "errante", tratando-se de uma invenção de mortais ou de um ar
de
natureza mortal.
Capítulo 2. Resposta do Mestre Abammon à Carta de Porphyrius para Anebo
Hermes, o patrono da linguagem, foi justamente considerado no passado como sendo uma deidade de todos os sacerdotes
e aquele que preside o aprendizado genuíno, único e comum a todos, relativo aos
Deuses. Assim, nossos predecessores estavam acostumados a atribuir-lhe suas descobertas de segredos e nomear todas as
suas obras respectivas como Livros
de
Hermes [o chamado "Livro de Ida à Luz", também conhecido como "Folhas da Serenidade" e que fora chamado distorcidamente na modernidade como "livro das sombras"]. Portanto,
se participamos desta Deidade a partir da medida que Ela tem descido até nós e
que se torna possível em nós, tu fazes bem em propor estas questões sobre a Ciência
Divina aos sacerdotes, como também aos amigos para uma solução acurada ou
precisa. Assim, possuindo uma boa razão para considerar a carta enviada por
você – para Anebo, meu discípulo – como tendo sido escrita verdadeiramente por
mim, eu te respondo acerca das questões que você me perguntou. Para isso, não
seria se tornar como Pythagoras, Platon, Democritus, Eudoxus e muitos outros
gregos antigos, que devem ter obtido seu conhecimento competente com os
escribas do templo de seu próprio tempo, mas você é contemporâneo nosso e tem
mesma disposição como eles, deve se afastar daqueles que vivem sendo
reconhecidos agora como “Mestres públicos” [refere-se aos Sofistas, isto é, aqueles que
não eram Filósofos ou adeptos dos conhecimentos dos “Sábios Antigos”].
Desta
forma, eu me envolvo na presente discussão. Tu, se tu fizeres
assim o seu desejo, obra em liberdade para considerar a pessoa que está escrevendo agora a
você como o mesmo indivíduo a quem enviaste tua carta. No entanto, se deve
te parecer mais adequado considera, em seguida, o indivíduo que está
discursando contigo por escrito
que se trata [o Mestre Abammon] de outro Epopta [ou Santo, o último grau da Iniciação] dos egípcios, pois, este não é um assunto que merece divergências
a respeito. Ou, como eu acho que ainda é uma maneira melhor, deixa
passar despercebido se a pessoa que fala é de grau inferior ou superior, e dirige
sua atenção exclusivamente para as coisas que são proferidas, despertando, assim, o desejo de entendimento, simplesmente para saber se o que eu
disse é verdadeiro ou falso.
Em primeiro lugar, vamos
abordar os temas
separadamente, a fim de determinar o escopo e a qualidade dos problemas
que
agora são propostos
para discussão. Em seguida, vamos examinar em detalhe as
teorias acerca
dos temas divinos,
a partir do qual foram concebidas as tuas dúvidas, e fazer uma declaração delas, como as
fontes
de
conhecimento que devem ser investigadas.
Alguns que são,
pelo mal, misturados necessitam serem
afastados ou dispersados, enquanto
outros possuem relação com a Causa Divina através da qual tudo existe e, por isso, são
facilmente assimilados. Outros que poderíamos
apresentar de acordo com um determinado plano de expor visões contraditórias, tirar o julgamento em ambas às
direções, e há também alguns que exigem de nós para explicar o conjunto dos
ritos de Iniciação. Sendo estes os fatos, as nossas respostas devem ser declaradas
a partir de muitos lugares
e de diferentes
fontes de
conhecimento. Alguns destes introduzem os
princípios fundamentais das
tradições que os
Sábios da
Caldeia entregaram, outros derivam das doutrinas que os Epoptas dos templos egípcios
ensinam, e alguns
deles
seguem de
perto as especulações dos
Filósofos
ou Teósofos e extraem as
conclusões inerentes. E agora existem alguns
desses
que
se envolvem em uma disputa inconveniente de diversas concepções
que
não são dignos de uma palavra, e outros que têm a sua origem a partir de preconceitos
ou estereótipos comuns aos
mortais. Todos estes, por conseguinte, devem ser eliminados
de
várias maneiras
por si só, e são, em muitos aspectos, ligados uns com os outros. Assim, por conta de todas essas coisas, há alguma discussão necessária para a direção correta deles.
Plano de Discurso
Portanto,
vou expor para ti as
concepções hereditárias dos Sábios
da Assíria em relação ao verdadeiro
conhecimento, e te mostrarei
em
termos claros
as nossas. Algumas coisas
do
conhecimento serão trazidas para a discussão dos inúmeros
escritos secretos
ou elevados, e o restante será a partir das obras sobre toda a gama de temas
divinos que os antigos
escribas coletaram em um livro de dimensões
limitadas.
Porém, tu poderias propor algum tema
filosófico que determine por si de acordo com as antigas Tábuas
de Hermes, que Pythagoras e Platon, tendo estudado minuciosamente de antemão, incluíram em nossa Filosofia. Mas as
perguntas que são estranhas ao tema
ou que sejam disputadas
e exibem uma disposição contenciosa da mente, vamos
baixar ao tom suave e adequado ou, então, mostrar a sua impropriedade. Até agora,
como eles partem, também, na linha de formas comuns
de
pensar, vamos
tentar discuti-las
de
uma forma familiar. Aqueles
que, de igual modo, exigem que as
experiências dos Dramas
Divinos devam ter uma compreensão sábia vamos, na medida em que for possível, explicar somente por palavras; mas, aqueles que são igualmente cheios de
especulação retórica, será mostrado eficientemente
para a purificação (da contaminação do
que é terreno).
No entanto, é possível exprimir os
sinais decorrentes que são dignos de serem notados e, destes, você e aqueles
que são como você
em pensamento pode ser
levado em conjunção à própria essência das
coisas
que são reais. Porém, até agora, como eles podem ser realmente conhecidos através de palavras, nenhum desses
temas ficará sem uma demonstração acurada ou precisa e com referência a tudo que te dê atenção a uma explicação adequada. Aqueles
que se referem a temas
divinos, iremos responder como Teólogos, e aqueles que participam
da Teurgia, iremos
explicar teurgicamente. Aqueles que possuem caráter filosófico, iremos buscar conjuntamente como os
Filósofos
ou Teósofos, e como estender para as Causas Primárias que trarão para a luz, seguindo o argumento em conjunto de acordo com os
primeiros princípios. Todavia,
tal como afirmam acerca da moral ou dos resultados
finais que irão determinar
corretamente de acordo com a forma ética, e outras
questões, de modo
similar, trataremos
de
acordo com seu lugar no contexto.
Vamos agora avançar para as
tuas perguntas.
[...]
{Em construção}.
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Ao benemérito St. Prior J.'.E.'.C.'.S.'.
Pela divindade do Uno, do Deus e da Deusa,
Ao Filho Divino, Vida, Saúde, Força e União!
Três Vezes Abençoado.
{Em construção}.
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Ao benemérito St. Prior J.'.E.'.C.'.S.'.
Pela divindade do Uno, do Deus e da Deusa,
Ao Filho Divino, Vida, Saúde, Força e União!
Três Vezes Abençoado.