sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

-As Ordenações da Bruxaria

{As medievais tardias Ordenações da Bruxaria, de acordo com Gerald Brosseau Gardner e o Conventículo de Nova Floresta, no qual este fora iniciado, tratam-se de regras estabelecidas para os Clãs (conjuntos de conventículos) da Bruxaria para sua sobrevivência, aproximadamente no período entre o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Lois Bourne, depois de sair do Clã Gardneriano foi iniciada em um Clã ininterrupto à mais de 200 anos, confirma a existência real destas Ordens entre as Bruxas da Idade Média tardia. Lois Bourne diz também que: O Grimório ou Livro Ritualístico, equivocadamente chamado na modernidade de "Livro das Sombras",  era chamado, no passado, de "As Folhas da Serenidade", a partir do "Livro de Ida à Luz". Contudo, as Ordenações da Bruxaria incluem ou não as Antigas Leis da Bruxaria: enquanto as primeiras são ordenações para os Clãs bruxescos que sobreviveram com a perseguição às Bruxas, as segundas são normas de conduta e de regulamento da Bruxaria. Tal é a diferença! Em sequência, segue a descrição básica das Ordenações da Bruxaria, copiladas do cavaleiresco Livro da Sabedoria ["Llyfr y Ddoethineb", do galês] contemporâneo e com algumas modificações, com base na versão Gardneriana e, principalmente, na versão Alexandrina.}




"I - Esta é a Lei, antiga e aceita, tal como se prescreveu.

II - Ela foi feita para os adeptos, por guia, ajuda e conselho em todas as suas aflições.


III - Cumpre aos adeptos reverenciar os Deuses e Deusas, obedecendo-lhes a tudo que for dito, na conformidade de seus mandamentos; eis que foram propostos para esses mesmos adeptos, e isto se fez por seu bem; assim como a reverência aos Deuses e Deusas bem é de sua conveniência. Na verdade, os Deuses, assim como as Deusas, amam os que se confraternizam e chama-se irmãos, nos círculos dos Iniciados.


IV - Tal como um homem ama a sua mulher, não devem os adeptos ocupar o domínio dos Deuses e Deusas, mas sim promovam amá-los através de atos e manifestações deste sentimento.


V - É necessário que o círculo dos Iniciados, o qual templo é dos Deuses e das Deusas, seja levantado e purificado, pois assim lugar merecido será, onde estarão  Deuses e Deusas em presença.


VI - E os Iniciados se prepararão, e estarão purificados, a fim de que possam ir à presença dos Deuses e diante das Deusas.


VII - E os Iniciados elevarão forças com poder, desde seus corpos, para que, repletos, tornem o poder aos  Deuses e Deusas, tanto com amor quanto reverência no íntimo de seus corações.


VIII - Tal como doutrina foi estabelecida, do passado; pois tão-somente assim é possível haver comunhão entre homens e Deuses; e entre Deusas e homens; visto que nem podem os Deuses, assim como as próprias Deusas, estender seu auxílio aos homens, sem a mesma ajuda destes.


IX - E uma haverá a Suma Sacerdotisa, a qual regerá o círculo dos Iniciados, como elo de ligação dos Deuses, assim como das Deusas.


X - E haverá um Sumo Sacerdote que a sustentará nos seus feitos, como representante dos Deuses, assim como das Deusas.


XI - E a Suma Sacerdotisa escolherá a quem bem queira, desde que baste em hierarquia, para que lhe dê assistência, na condição de Sumo Sacerdote.


XII - Atentando-se a que, tal como os próprios  Deuses lhe beijaram os pés, a Aradia (Deusa suprema), e por cinco vezes a saudaram, depondo seus poderes aos pés das Deusas, em submissão - pois que eram elas juvenis e dotadas de toda beleza, e em si havia gentilezas como havia doçuras; sabedoria como justiça; humildade e generosidade.


XIII - Assim mesmo a ela confiaram todos os poderes divinos que eram de sua própria característica.


XIV - Eis que, porém, a Suma Sacerdotisa deve ter em espírito que todos os seus poderes emanam dos Deuses, e das Deusas também.


XV - E os poderes lhe são cedidos tão-somente por uns tempos, para que deles usem; com sabedoria e bom-senso que assim os usem.


XVI - E, portanto, sempre que esta Sacerdotisa vier a ser julgada pelo Conselho dos que são Iniciados, a ela caberá aceitar a renunciar o poder - de boa vontade - em favor de uma mulher que seja mais jovem.


XVII - Porque a Suma Sacerdotisa, quando legítima, há de reconhecer que uma de suas virtudes mais sublimes é ceder a honra de sua posição, em gesto de boa vontade, para aquela outra mulher que deve sucedê-la.


XVIII - E por compensação de seu ato, ela voltará a esta posição de Suma Sacerdotisa numa vida futura, com poder e suprema beleza, sempre aumentados, pois assim é a prescrição da Lei.


XIX - Ora, nos tempos antigos, quando a Lei entre os Iniciados se estendia aos longes, vivíamos em gozo de liberdade; e nossos cultos e ritos tinham por local os mais nobres dos tempos.


XX - Mas correm agora dias infelizes, em que precisamos celebrar em secreto os nossos sagrados e santos Mistérios.


XXI - E hoje que esta seja a Lei: Que ninguém que não seja adepto possa estar presente a estes nossos Mistérios; porque muitos são aqueles que não nos tem afeto; e a língua do homem na tortura se desata.


XXII - E hoje que esta seja a Lei: Que nenhuns dos locais de nossos círculos de Iniciados sejam conhecidos por aqueles que não possuem contato conosco ou que por ali estejam.


XXIII - E nem saibam quem são nossos membros, com exceção apenas do Sumo Sacerdote e da Suma Sacerdotisa, bem como aquele que conduz as mensagens nas anunciações.


XXIV - E não se estabelecerá relação entre um e outro círculo de Iniciados; salvo por mediação daquele que faz a anunciação dos Deuses, ou leva a palavra das convocações dos círculos.


XXV - E quando tudo esteja muito a salvo, é dito aos círculos dos Iniciados que se encontrem em lugar determinado, em segurança, para celebração das grandes festas.


XXVI - E enquanto ali se acharem, nenhum dos presentes dirá de onde veio, nem seus nomes reais se farão conhecidos.


XXVII - E isto é para que, se algum deles for torturado ou interrogado, não possa, em sua agonia, dizer o que lhe mandam, pois não o sabe.


XXVIII - E fique este mandamento: Que nenhum irmão ou irmã diga a um estranho à Lei, quem são os Iniciados; que não declare nomes; nem contará onde se reúnem; nem por qualquer forma ou maneira, trairá algum de nós aos que nos perseguem para a morte.


XXIX - Nem se dirá onde fica o lugar do Grande Conselho dos Iniciados.


XXX - Nem tampouco, a sua própria Sede, onde se encontram os seus companheiros do Círculo, em particular.


XXXI - Nem onde serão os encontros do Círculo que fazes parte.


XXXII - E se alguém infringir as Leis, ainda que na sua agonia dos suplícios, sobre sua cabeça desabará a maldição da Grande Deusa, de tal modo que nem venha a renascer nessas terras conhecidas por nós, e que sua permanência eterna seja no inferno dos que se dizem cristãos.


XXXIII - E que, cada uma dentre as Sumas Sacerdotisas presida sobre seu próprio Círculo, distribuindo amor e justiça, com ajuda e conselho do Sumo Sacerdote, e dos mais antigos, dando ouvido em constantes ocasiões, ao que traz a mensagem dos  Deuses, nas anunciações que ocorrerem.


XXXIV - E ela dará ainda mais ouvidos às observações dos que se dizem irmãos; e todas as disputas e diferenças que haja entre eles sejam de sua responsabilidade.


XXXV - Entretanto, força é reconhecer que haverá em todos os tempos, Iniciados discutindo com rivalidade para forçar suas decisões e vontade a outros.


XXXVI - Não que isso em si seja mau.


XXXVII - Porque muitas vezes, se expressam boas idéias; e as que sejam boas devem ser discutidas em Conselho.


XXXVIII - Mas havendo divergência ou incoerência quanto às idéias, no confronto dos irmãos e irmãs, ou se for dito:


XXXIX - “Não aceitarei as ordens da Suma Sacerdotisa”,


XL - É bom que se saiba: A Lei Antiga sempre foi da conveniência dos Iniciados unidos, e assim se evitarão disputas.


XLI - E quem discordar terá o direito de estabelecer um novo círculo de Iniciados; e isso também é necessário quando um de seus membros precisar afastar-se, indo morar em local distante das Sedes, ou quando as vinculações ficarem perdidas entre o Círculo e esse Iniciado em particular.


XLII - E qualquer um que tenha sua moradia perto das Sedes dos Círculos dos Iniciados, mas se mostre desejoso de estabelecer um novo Círculo, assim o dirá aos mais antigos, declarando-lhes sua intenção. E dito isto, poderá afastar-se na mesma hora, e buscar outro lugar distante.


XLIII - Ainda assim, os que sejam membros de um Círculo antigo poderão mudar-se para o novo. Mas se o fizerem, é necessário removerem-se para sempre, do local do Círculo antigo, do qual faziam parte.


XLIV - Os mais antigos, do novo e do velho Círculo, porém, decidirão em entendimento mútuo, e com amor fraterno, sobre os novos rumos em que devem se firmar, na separação dos dois Círculos de Iniciados da Lei.


XLV - E os praticantes da Bruxaria que tenham suas moradias em local distante dessas Sedes, fora de seus limites, poderão pertencer a um ou outro destes, e não aos dois no mesmo tempo.


XLVI - Entretanto, todos poderão sob permissão dos mais antigos, comparecer aos festivais solenes, desde que haja paz e fraternal afeto entre os presentes.


XLVII - Mas quem leva a desavença ao seio dos Círculos dos Iniciados é réu de punição severa, e para tanto se fizeram às velhas leis: Assim, que a maldição da Suprema Deusa lhe desabe sobre a cabeça, a toda Lei que desconsiderar. E tal é o mandamento.


XLVIII -  E se tu tiveres contigo um Livro das Sombras, que este seja escrito por tua letra e de teu punho. Mas se qualquer dos irmãos ou das irmãs, for desejoso de ter uma cópia, assim será por certo; mas não deixes nunca que tal livro te saia das mãos; e nem tragas contigo, nem tenhas sob tua guarda aquilo que outra pessoa escreveu e que o seja de letra e punho deste.


XLIX - Eis que se tal livro for encontrado com outra pessoa, e seja de tua letra, esta pessoa poderá ser levada a julgamento.


L - E que cada um tenha consigo o que seja de sua mesma escrita e próprio punho, destruindo o que deva ser destruído, toda vez que estiver sob ameaça e risco maior.


LI - E que o que aprenderes seja perfeitamente sabido; mas, passado o perigo e afastados os riscos, escreverás em teu Livro, quando houver segurança; e o que antes tiveres escrito e destruído, nessas ocasiões o reescreverás.


LII - E se for sabido que algum dos Iniciados morreu, será dever a destruição deste seu Livro das Sombras, e de semelhantes, para que não caia em mãos erradas, entre profanos.


LIII - Prova constituirá, certamente, contra aquele profano que tiver o Livro de um dos irmãos da Bruxaria, pois não é filho da Lei.


LIV -  E contra também aos profanos que nos oprimem e dizem: “Ninguém que é bruxo está sozinho”.


LV - Portanto, todos os teus parentes e amigos podem se encontrar sob risco de torturas e investigações,


LVI - E isto é a razão porque tudo o que se escreveu deve ser destruído.


LVII - Mas se teu Livro das Sombras for achado contigo, isto se demonstrará contra ti e somente tu serás citado às cortes profanas.


LVIII - Guarda em teu coração aquilo que se sabe da Bruxaria.


LIX - E se o suplício for tamanho que não possas suportar, então dirás: “Confessarei porque não sou capaz de resistir a estes tratos”.


LX - Mas que pretendes dizer?


LXI -  E se tentarem fazer com que fales sobre teus companheiros, não o faças.


LXII - Mas se tentarem fazer com que fales de coisas impossíveis, das que não são usuais entre Bruxas, tal como voar com cabos de vassouras; ter pactos com demônios, desses em que creem os cristãos; sacrifícios de crianças;


LXIII - Sacrifício de Virgens e inocentes; ou insinuações de canibalismo; poluição e profanação de hóstias; missas negras que se rezam nos ventres das mulheres devassas; poços de urina onde se profanam as coisas santas; unguentos de invisibilidade; secar os leites das vacas; fazer cair granizo; moverem-se objetos pesados; danças em sabás presididas por Satanás, que recebe no ânus o beijo dito infame; se por fim, indagarem destas coisas;


LXIV - Dirás para que tenhas alívio dos padecimentos que te inflijam: “Sim! Acho que tive pesadelos; ou meu espírito foi arrancado; ou me parece que tive um momento de insanidade e loucura."


LXV - Na verdade algumas autoridades têm compaixão; e se houver pretexto, poderão até agir com misericórdia. Cautela com frades e fanáticos.


LXVI - Se disseres algo, porém, que te comprometa, ou a outros companheiros, não te esqueças de negá-lo depois, desmentindo tudo, para afirmar - durante os maus-tratos - que nem saibas do que falavas.


LXVII -  E se te condenarem, não tenhas cuidado.


LXVIII - É que teus irmãos, dos Círculos dos Iniciados, são boa gente e te ajudarão a fugir, desde que não percas a firmeza nem desates a língua. Se contudo, te traíres, ou aos demais, já não te restará esperança de salvação, nem nesta vida nem na futura.


LXIX - Não te inquietes: Se em tua firmeza te conduzirem à fogueira do suplício - para o desfrute dos cristãos e de seus demônios -, teus irmãos te ministrarão drogas suavizantes, e te haverá conforto, e nem sofrerás dores. Para a morte partirás tranqüilo, e para o consolo do além, que é o êxtase nos braços da Deusa Suprema.


LXX - E teu gozo não será o da carne, mas sim do espírito, que é na sua purificação, e elevação, que os Iniciados se dedicam as suas obras.


LXXI - Mas para evitar que sejas descoberto, teus instrumentos da Bruxaria serão bem simples, como os que são encontrados nas casas comuns dos profanos; e entre eles não se dirá nada.


LXXII - É bom que os pentáculos sejam feitos de cera, de modo que logo se rompam, e mais rápido sejam derretidos, como qualquer obra artesanal.


LXXIII - Em tua casa não terás armas, nem espada, a menos que as permita tua hierarquia no Círculo.


LXXIV - Em tua casa não gravarás símbolos, nem sinais, nem nomes que soem estranhamente. Nem em nada os escreverás.


LXXV - Quando for necessário seu uso, então escreverás com tinta, o que tiveres de traçar e escrever, no momento das consagrações; e passadas estas, com a obra terminada, tu apagarás tudo tão logo não seja necessário continuar escrito.


LXXVI - Nos punhos das armas quando te forem permitidas, mostrarás quem és entre os Iniciados, mas não o saberão os profanos, nem os que te perseguem.


LXXVII - Nelas não farás gravuras, nem inscrições, para que pelos símbolos não conheçam tua condição, que assim serias traído.


LXXVIII - Não te esqueças nunca que és um dos filhos secretos da Deusa Suprema e de Seu Amado Consorte; assim não desgraçarás a ti, nem a teus irmãos, nem a entidade divina.


LXXIX - Seja modesto; Não uses de ameaças; não digas jamais que desejarias a perda alheia, ou que te seria possível causar dano a alguém.


LXXX - E se por acaso alguém que não seja do Círculo dos Iniciados, se referir à Bruxaria, lhe dirás: “Não me fales dessas coisas, que elas me apavoram”.


LXXXI - E o motivo para que assim procedas é que os que se declaram cristãos costumam por espiões por toda parte. Eles gostam da perda e de danos alheios, e pretextam e protestam afeto. E muitos são fingidos por sentir afinidade com a Bruxaria e desejar reverenciar os Deuses antigos.


LXXXII - Muitas vezes os propósitos cristãos são maus. Aos tais negue sempre o conhecimento das verdades ocultas.


LXXXIII - A outros interessados na Bruxaria porém se dirá: “Falem aos homens que bruxas e bruxos que voam pelos ares cavalgando vassouras é pura estupidez. E para que isto fosse possível, haveriam de ter pelo menos a leveza dos flocos que a brisa sobre das árvores. E se diz que bruxas e bruxos são feios e vesgos; sempre velhos e feios. Que prazer terá alguém em estar nas suas assembleias ou sabás, segundo o personagem criado que estes profanos dizem existir?”


LXXXIV - E acrescente: “Os homens de bom senso sabem que tais criaturas não existem de verdade”.


LXXXV - Procura sempre ter como passageiras estas tais coisas; que algum dia hão de acabar as perseguições e a intolerância, quando voltaremos em segurança, a reverenciar os Deuses do passado.


LXXXVI - Oremos para que venham dias mais felizes.


LXXXVII - Que as bênçãos da Suprema Deusa e dos  Deuses estejam com todos aqueles que respeitam estas Leis e obedecem aos mandamentos.


LXXXVIII - E se por acaso há alguma propriedade característica da Bruxaria, seja ela mantida, cooperando todos a preservá-la em sua simplicidade e pureza, para bem de cada um dos Iniciados.


LXXXIX - E se algum dinheiro ou valor do bem comum for confiado a qualquer um dos Iniciados, que ele cuide de agir honestamente.


XC - E se algum dos irmãos do Círculo realizar de fato alguma tarefa, é justo que lhe deem uma recompensa; porque não se trata aqui de receber pagamentos por obras da Bruxaria, mas sim por recompensa de trabalho honrado.


XCI - Isto o permite a Lei, com boa-fé. E mesmo os que se dizem cristãos falam assim: “O jornaleiro é digno de seu salário”, e tais palavras estão em suas Escrituras. Entretanto, se algum dos irmãos quiser trabalhar, em algum serviço para o bem da Bruxaria, e por amor que lhe tem, sem receber qualquer recompensa, a ele e a todos do Círculo lhes recairão grande Honra. A Lei o permite, e o mais que se ordenou.


XCII - E havendo alguma disputa ou discussão entre os Iniciados, rapidamente a Suma Sacerdotisa reunirá os mais antigos, ouvindo-se todos os fatos e partes, cada um por sua vez e ao final em conjunto.


XCIII - A seu tempo se decidirá com justiça, sem que o sem razão seja favorecido.


XCIV - Sempre se reconheceu existirem aqueles que não concordam em trabalhar sob ordens dos outros.


XCV - Mas ao mesmo tempo foi reconhecido que existem os que são incapazes de julgar com justiça, ou dirigir com boa-fé.


XCVI - E quanto aos que são incapazes de obedecer, mas só cismam de mandar e dirigir, eis o que se lhes dirá:


XCVII - “Não fiquem neste Círculo, ou estejam em outro, ou ainda saiam a organizar seu próprio Círculo, ou nele mandem, levando consigo os que os acompanhem".


XC VIII - E os que forem inconciliáveis, estes se retirem.


XCIX - Eis que ninguém pode estar num mesmo círculo em que se apresentem aqueles com os quais não estejam em harmonia.


C - Os que discordem de seus irmãos não podem conviver com eles na prática da Bruxaria, mas esta há de permanecer com a ausência dos mesmo, que tal é o nosso mandamento.


CI - Nos tempos antigos, quando éramos poderosos, nada impedia que usássemos dos nossos Mistérios contra todo que atentasse contra nossos irmãos e irmãs. Nestes dias, porém, quando impera o mal, não devemos agir desta sorte. Eis que nossos desafetos inventaram um abismo onde arde o foto eterno, no qual, a seu dizer, seu próprio deus lança todos aqueles que o adoram, salvo uns muitos poucos eleitos, que são salvos por mediação de sacerdotes, por meio de práticas, ritos, missas e sacramentos. E nisto tem muito peso o dinheiro, quando dado em abundância; e os favores dessa lei se pagam alto e caro, em ricas doações, porque a sua igreja é sempre sedenta e faminta de bens palpáveis.


CII - Nossos Deuses, porém, nada exigem, nada pedem, requerendo, ao invés, nosso auxílio, para que sejam abundantes as colheitas, e entre os homens e as mulheres haja fertilidade, e nada lhes falte; visto que manipulam o poder que levantamos nas grandes obras dos Círculos dos Iniciados; e como os ajudamos, na mesma medida somos ajudados.


CIII - A igreja, contudo, dos que se dizem cristãos, carece da ajuda dos seus; para que a utilize, não para algum bem, mas para nosso mal; para descobrir-nos, perseguir-nos, destruir-nos; E suas ação não tem fim. E seus sacerdotes ousam afirmar-lhes que os que buscam nosso auxilio serão prejudicados eternamente no fogo do inferno. E isto de causar temor é que induz à loucura.


CIV - Tais sacerdotes acenam-lhes com uma oportunidade de salvação, fazendo-os crer que, alimentando-nos, escaparão eles a seu próprio inferno, como o chamam. Eis porque vivem todos os que se dizem dessa lei a espionar-nos, pensando em seu coração: “Basta-me apanhar um só desses feiticeiros, ou uma só dessas bruxas, para que me furte ao abismo do fogo eterno”.


CV - Assim, pois temos de nos refugiar em abrigo ocultas; e os que nos buscam, e não nos acham, usam dizer: “Já não os há; ou se algum existe, seu lugar não é aqui, ou bem remoto”.


CVI - Porém, quando vem a perecer algum dos que nos oprimem, seja por qualquer meio de morte ou até doenças; ou mesmo adoece, logo dizem: “Ora, trata-se de malícia dos tais bruxos”. Com isto tornam à caçada. E ainda quando matem dez ou mais dos legítimos por um só verdadeiro dos nossos, isto não nos preocupa. É que seu número se conta em muitos milhares.


CVII - Mas nós sabemos o quão poucos somos, e nossa Lei é que nos rege.


CVIII - Por isto mesmo nenhum dos nossos recorrerá à Bruxaria por vingança, nem para causar dano a ninguém.


CIX - E por mais que nos maltratem, injuriem e ameacem, a nenhum se causará mal. E nos dias que correm, inúmeros são os que descreem em nossa existência. E isto é bom.


CX - Assim, portanto, estaremos sempre ajudados desta Lei, em nossas dificuldades; mas ninguém dos nossos - por maiores injustiças que possa vir a receber, usará os poderes em punição dos culpados, nem causará qualquer dano. Os Iniciados poderão após consulta entre seus irmãos da Bruxaria, recorrer a esta, conforme for determinado, para resguardo contra perseguições movidas pela igreja que nos injuria, não, porém, para levar castigo aos dessa que o mereçam.


CXI - Em tal fito, o injuriado assim dirá: “Eis que surge um perseguidor combatente, e investiga nossas ações, indo em perseguição de pobres anciãs, das que estão à vontade na Bruxaria, ou disto suspeita; ninguém entretanto lhe fez mal por esta causa, e isto mostra realmente que elas não poderiam em nada ser feiticeiras, por não praticarem malícias; ou então, na verdade não existem, ou já não existem, bruxos ou bruxas."


CXII - É fato notório que muitos têm sido mortos, porque alguém lhes tinha algum ressentimento; ou então foram perseguidos por se saber que possuíam dinheiro, ou outra forma de bens passíveis de sequestro, e nem se contavam entre os adeptos; ou ainda, não dispunham de meios para subornar os agentes da perseguição. E muitas, ainda foram mortas por serem velhas rabugentas ou resmungonas. Na verdade se diz entre os que nos perseguem, que somente as velhas costumam ser bruxas .


CXIII - E isto coopera para nossa vantagem e proveito, desviando-se de nós a suspeita do que somos.


CXIV - Graças ao sigilo, muito tempo é passado, na Escócia, como em

Gales e na Inglaterra, sem que se tenha punido de morte algum Iniciado. Entretanto, qualquer abuso de nossos poderes tornaria a causar as perseguições obsessivas.

CXV - Dizemos aos nossos irmãos que não infrinjam a Lei, por maior que lhes seja a tentação de fazê-lo; e jamais permitam que haja infrações destas, a mínima que seja.


CXVI - E se alguns dos nossos vier a saber que se infringiu a Lei, breve será a sua reação contra esse risco.


CXVII - E qualquer Suma Sacerdotisa ou Sumo Sacerdote que possa concordar com essas infrações, é réu de culpa, e a retirada de seu posto será seu castigo; visto que seu consentimento implica risco de que o sangue de nossos irmãos seja derramado, e algum deles seja levado à morte pelos eclesiásticos da igreja que nos persegue.


CXVIII - Mas que se faça o bem, e com determinação e em segurança. 


CIX - Todos os membros dos nossos Círculos se mantenham no respeito da Lei, venerável e antiga.


CXX - E que nenhum dos nossos aceite, nunca, algum pagamento por serviços da Bruxaria, pois o dinheiro é como mancha que marca aquele que o recebe. Na verdade é coisa muito sabida que somente os maléficos - que praticam as artes negras, e conjuram os mortos - e os sacerdotes da igreja aceitem dinheiro pelo que fazem; e nada fazem sem que lhes haja bom pagamento. E vendem, ainda mesmo, o perdão das almas, para que os maus se furtem à punição dos pecados.


CXXI - Que nossos irmãos não sejam destes ou como eles. Se um dos Iniciados aceitar dinheiro, ficará exposto às conseqüências por usar da Bruxaria para causar mal. Mas se não o fizer, assim não será, certamente.


CXXII - Todos contudo podem utilizar a Bruxaria em seu proveito e bem próprio, ou para a glória e bem, desde que haja certeza de que não causar mal à ninguém.


CXXIII - Que todas estas coisas antes, entretanto, sejam conselho entre os Iniciados, em seu próprio Círculo. E as resoluções serão prudentes e meditadas. Somente se usará a força da Bruxaria havendo o acordo mútuo de opiniões de que ninguém sofrerá, ou de que não sobrevirá o mal.


CXXIV - Mas quando não houver maneira possível de se conseguir o pretendido segundo se determinou, será talvez possível que os mesmos fins sejam alcançados de outros modos, sem que haja dano, nem aos nossos, nem aos profanos. E que a maldição da Deusa Suprema seja sobre a cabeça de todo aquele que infringir esta nossa Lei. Este é o mandamento.


CXXV - E entre nos se considera justo e legal que, caso um dos adeptos possa estar precisando de casa ou moradia, ou terras, e ninguém queira vender-lhe, podem os Iniciados usar a Bruxaria para inclinar os corações e disposição de quem as possua, desde que não haja prejuízo sob qualquer forma, pagando-se sem maiores discussões o preço justo que for exigido.


CXXVI - Que nenhum dos nossos menospreze os valores que pretenda adquirir, nem venha a discutir, se comprando algo por persuasão da Bruxaria. Este é o mandamento.


CXXVII - É a velha lei, e a mais importante das nossas, que ninguém dentre os Iniciados da Bruxaria venha a fazer coisa alguma a qual possa implicar perigo a seus irmãos na mesma; ou outro ato que os coloque ao alcance da lei comum da terra, ou à mercê de quaisquer perseguidores, civis ou eclesiásticos.


CXXVIII - E passada a rivalidade, o que é lamentável, entre os irmãos, nenhum deles pode invocar alguma lei senão aquelas da Bruxaria.


CXXIX - Ou nenhuma jurisdição ou tribunal, salvo o da Sacerdotisa ou do Sacerdote, de seu Círculo, e também dos mais antigos entre os adeptos.


CXXX - E não se proíbe aos adeptos dizerem, como o fazem os da igreja: “Há feitiços nesta terra”, visto que os nossos opressores de longe e há muito tempo, nos vêem como heréticos, por mostrar-nos descrentes às suas doutrinas.


CXXXI - Mas seja o vosso falar: “Ignoro que haja aqui algum bruxo; mas é fato que talvez isto seja verdade em lugares mais distantes; mas onde, não sei”.


CXXXII - Mas se deve falar deles, as bruxas e bruxos, como sendo uns velhos rabugentos, que têm pactos com os demônios dos cristãos, e se movem pelo ar em vassouras.


CXXXIII - E que se acrescente em todas essas ocasiões: “Entretanto, como lhes será possível moverem-se pelo ar, quando não se dão conta da leveza das penugens das plantas?”.


CXXXIV - Mas que a maldição da Suprema Deusa caia sobre todo o que lançar suspeitas sobre qualquer um de nossos irmãos.


CXXXV - E que assim seja, igualmente, com os que se referirem a um dos locais do encontro, e seja isto verdadeiro; ou onde morem os Iniciados, e seja isto verdadeiro.


CXXXVI - E devem os círculos da Bruxaria manter livros com registro das plantas benéficas e todos os meios de cura, de forma que os Iniciados possam aprendê-los.


CXXXVII - E que haja outro livro, para informações, inclusive dos auges astrais; e que somente os mais antigos e outras pessoas dignas de muita fé tenham conhecimento destas informações. Este é o mandamento.


CXXXVIII - E que as bênçãos dos Deuses e Deusas se cumulem sobre todos quantos guardarem ditas leis; e que a maldição dos  Deuses e Deusas seja sobre a cabeça dos que porventura as venham a infringir.


CXXXIX - E seja lembrado ser a Bruxaria o sigilo dos  Deuses e Deusas; sendo pois, usada em ocasiões graves; nunca por mera mostra de poder e de forma imprudente.


CXL - Os adeptos das artes negras e os que seguem os dizeres da igreja poderão importunar-vos, dizendo “Eis que não tens poder nenhum; mostra-nos se és capaz de algo. Faça uma magia diante de nós, que acreditaremos.”; mas, porém, pretendem que um dos nossos venha a trair a Bruxaria perante seus olhos.


CXLI - Não daremos ouvidos a estes, pois a arte é sagrada, e aplica-se somente quando necessário. Sobre os infratores desta Lei, recairão as maldições da Suprema Deusa.


CXLII - Sempre foi de costume dos homens assim com das mulheres que buscassem novos amores; e isto não é causa de que sejam reprovados, assim como não é de louvação.


CXLIII - Mas esta prática pode constituir prejuízo à Bruxaria.


CXLIV - E assim, pode ser que a Suma Sacerdotisa ou o Sumo Sacerdote, por motivo de amor, siga os passos de quem lhe interessar. Com isto ele ou ela deixará o Círculo que é de sua responsabilidade.


CXLV - E se alguma das Sumas Sacerdotisas desejar seu posto e estado por este amor, que o faça anunciando-o perante o Conselho.


CXLVI - Com tal renúncia, sua desistência tem valor entre todos os Iniciados.


CXLVII - E se alguém de posição sacerdotal parte sem dizer de suas intenções, e sem renunciar, como se saberá passado algum tempo se retornará ao Círculo?


CXLVIII - Por estas causas se estabeleceu Lei, pela qual, se a Suma Sacerdotisa deixa o círculo de seus Iniciados, sem renúncia, lhe é opcional o retorno, e tudo estará como era antes.


CXLIX - E enquanto estiver ausente, se há alguém que lhe preencha as funções, esta outra assim procederá, até que a Sacerdotisa regresse, ou enquanto esteja ausente.


CL - Mas se ela não voltar no tempo de um ano e mais um dia, ilegítimo ao círculo dos adeptos, compactuados entre si, escolher por eleição uma nova Sacerdotisa.


CLI - Isto não se passa quando há justo e bom motivo para tanto.


CLII - Aquela que lhe fez o oficio colherá benefícios e será recompensada pelo seu trabalho, como assistente e substituta da Suma Sacerdotisa.


CLIII - Tem sido verificado que a prática da Bruxaria estabelece vínculos de afeto entre os aspirantes e mestres; e quanto maior o afeto, tanto melhor será.


CLIV - Se entretanto por alguma causa isto for inconveniente, ou indesejável, isto se evitará facilmente, decidindo quem aprende e quem ensina, desde o princípio, mantendo-se nas relações que vinculam irmãos e irmãs, ou pais e filhos, sem qualquer relação carnal.


CLV - O aspirante a Iniciado do Círculo da Bruxaria só pode ser instruído por mulher; e a postulante somente por homem; e eis que duas mulheres, ou mais, não devem praticar entre si, visto que a força vem de um sexo para outro; e igualmente dois homens ou mais não devem praticar a Bruxaria entre si - o que se opõe à Lei - e nisto vai abominação; e já dissemos a causa.


CLVI - É necessário que haja ordem e que a disciplina seja constante.


CLVII - À Suma Sacerdotisa ou ao Sumo Sacerdote é que cabe dar castigo aos que caem em falta e isto é seu direito.


CLVIII - Portanto, todos os do Círculo dos Iniciados devem receber de boa-fé o castigo que mereçam; quando o mereçam.


CLIX - E assim, tomadas todas as providências cabíveis, deve o culpado postar-se de joelhos confessando falta para ouvir a sentença.


CLX - Mas ao amargo deve suceder o doce; e ao desagradável o ameno; após o castigo convém que haja alegria.


CLXI - O réu confesso reconhecerá que se fez justiça, como convinha, aceitando o castigo, e beijará a mão da Suma Sacerdotisa ao passar-lhe a sentença condenatória. E, além de tanto, agradecerá ainda que tenha sido castigado, pois isto sucede por seu bem e edificação. Esta é a Lei e seu mandamento.


CLXII - Por nossa prescrição final: Que todos os Iniciados guardem a Lei, segundo aqui foi escrita, e os mandamentos e ordenações da Bruxaria essencial, venerável e antiga. Em suas mentes e corações guardem a Lei. Mas, em risco de morte, seu livro deve ser destruído, para que nada se prove, e nem haja risco maior a seus irmãos; nem venha ninguém a condenar-se por seu compromisso. Com isto se preservará em todas as condições e sob quaisquer circunstâncias, a tradição e o ensinamento da Deusa Suprema, conforme o legado antigo."






Versão, à seguir, do Livro das Sombras 
do Clã Alexandrino:



"1A Lei foi escrita e decretada pelos antigos. 2A Lei foi feita para os Bruxos, para aconselhá-los e ajudá-los em seus problemas. 3Os Bruxos devem prestar justa adoração aos Deuses e obedecer sua vontade, que é por eles decretada, pois isso é feito para o bem dos Bruxos assim como a adoração dos Bruxos é boa para os Deuses. Pois os Deuses amam os Irmãos da Bruxaria.

Apropriadamente preparados
4Assim como o homem ama a mulher dominando-a, 5os Bruxos devem amar os Deuses sendo dominados por eles. 6E é necessário que o Círculo, que é o templo dos Deuses, seja verdadeiramente invocado e purificado. E que assim seja um local apropriado para os Deuses entrarem. 7E os Bruxos devem estar apropriadamente preparados e purificados para estar na presença dos Deuses. 8Com amor e adoração em seus corações, eles devem criar retirar poder de seus corpos para dar poder aos Deuses. 9Assim foi ensinado pelos antigos.


Atribuições da Alta Sacerdotisa
10Pois apenas desta maneira os homens podem ter comunhão com os Deuses, pois os Deuses não podem auxiliar os homens sem o auxílio do homem. 11E a Alta Sacerdotisa deve comandar seu Conventículo como representante da Deusa. 12E o Alto Sacerdote deve auxiliá-la como representante do Deus. 13E a Alta Sacerdotisa devem escolher quem ela desejar, sendo ele de grau suficiente, para ser seu Alto Sacerdote. 14Pois, como o próprio Deus beijou seus pés na saudação quíntupla, depositando todo seu poder nos pés da Deusa por causa de sua juventude e beleza, sua doçura e gentileza, sua sabedoria e justiça, sua humildade e generosidade.15Assim ele submeteu todo seu poder a ela.16Mas a Alta Sacerdotisa deve sempre ter em mente que todo o poder vem dele. 17Ele é apenas emprestado, para ser usado sábia e justamente. 18E a maior virtude de uma Alta Sacerdotisa é a de reconhecer que a juventude é necessária à representante da Deusa. 19Assim ela irá graciosamente se retirar em favor de uma mulher mais jovem se o Conventículo assim decidir em conselho. 20Pois uma verdadeira Alta Sacerdotisa reconhece que ceder graciosamente seu honroso posto é uma das maiores virtudes. 21E desta maneira era retornará a seu honroso posto em outra vida, com maior poder e beleza.


Discrição
22Nos dias antigos, quando os Bruxos eram numerosos, éramos livres e adorávamos em todos os grandes templos. 23Mas, nestes dias infelizes,nós devemoa celebrar nossos sagrados mistérios em segredo. 24Assim seja decretado, que ninguém além dos Bruxos possa ver nossos mistérios, pois nossos inimigos são muitos e a tortura afrouxa a língua do homem. 25Assim seja decretado que nenhum Conventículo deve saber onde o outro se reúne. 26Ou quem são seus membros, salvo apenas o Sacerdote e Sacerdotisa e mensageiro. 27E não deve haver comunicação entre eles, salvo através do mensageiro dos deuses, ou o invocador. 28E apenas se for seguro os Conventículos podem reunir-se em algum lugar seguro para os grandes festivais. 29E enquanto lá estiverem, ninguém deve saber de onde o outro veio ou quais são seus nomes reais. 30Pois assim, qualquer um que seja torturado não dirá nada em sua agonia, pois nada sabe. 31Assim seja decretado que ninguém deve dizer a ninguém que não é da Bruxaria que se faz parte dela, nem dar quaisquer nomes ou onde se reúnem, ou de maneira alguma dizer algo que possa denunciar um de nós a nossos inimigos. 32Nem ninguém deve dizer onde se localiza o "Fanum" ou Clareira. 33Ou o local do Conventículo. 34Ou onde as reuniões sejam. 35E se alguém quebrar essas leis, mesmo sob tortura, QUE A MALDIÇÃO DA DEUSA ESTEJA SOBRE ELE, e que assim ele nunca renasça na Terra e que permaneça onde é seu lugar, no inferno dos cristãos.


Discussões no Conventículo
36Que cada Alta Sacerdotisa governe seu Conventículo com justiça e amor, com a ajuda e o conselho do Alto Sacerdote e dos Sábios, sempre seguindo o conselho do mensageiro dos Deuses, se ele vier. 37Ela irá considerar todas as queixas de todos os Irmãos e se esforçará para eliminar todas as diferenças entre eles. 38Mas deve ser reconhecido que sempre haverão pessoas que se empenharão em obrigar os outros a fazer o que eles quiserem. 39Eles não são necessariamente maus. 40E eles muitas vezes têm boas idéias e tais idéias devem ser tratadas em conselho. 41Mas se eles não concordarem com seus Irmãos, ou se eles disserem: 42‘eu não vou trabalhar sob o comando desta Alta Sacerdotisa’, 43existiu sempre a Antiga Lei para ser conveniente à Irmandade e evitar disputas.


Formação de Novos Conventículos
44Qualquer um de terceiro pode requisitar a fundação de um novo Conventículo porque eles vivem mais de uma légua do Têmenos, ou porque ele o quer fazer. 45Qualquer um vivendo nos limites do Têmenos e desejando formar um novo Conventículo deverá dizer aos Sábios a sua intenção, e no mesmo instante mudar-se de residência e dirigir-se ao novo Têmenos. 46Membros do antigo Conventículo podem juntar-se ao novo quando este estiver formado. Mas, se o fizerem, devem evitar definitivamente o antigo Conventículo. 47Os Sábios do novo e do antigo Conventículo devem encontrar-se em paz e amor fraternal para decidirem as novas fronteiras. 48Aqueles da Bruxaria que residem foram de ambos os Têmenos podem juntar-se a qualquer um deles, mas não a ambos, 49embora todos possam, se os Sábios concordarem, encontrar-se para os grandes festivais se for realmente em paz e amor fraternal, 50mas romper um Conventículo significa discórdia, e para tal essas Leis foram feitas pelos Antigos, e que A MALDIÇÃO DA DEUSA ESTEJA EM QUEM DESCONSIDERÁ-LAS. Que assim seja decretado.


O Livro das Sombras
51Se fores manter um livro, que seja com sua própria caligrafia. Deixe que irmãos e irmãs copiem o que desejarem, mas nunca deixe o livro sair de suas mãos, e nunca guarde os escritos de outro. 52 Pois se estes forem encontrados com sua caligrafia, eles poderão ser presos e processados. 53Que cada um guarde seus escritos e destrua-os quando qualquer perigo ameaçá-los. 54Aprenda o máximo que puder de cabeça e, quando o perigo passar, reescreva seu livro, se for seguro. 55Por essa razão, se alguém morrer, destrua seu livro se ele não o pôde fazer. 56Pois, se for encontrado, será uma prova clara contra ele. 57E nossos opressores sabem bem que ‘Não poderás ser Bruxo sozinho’. 58E então todos nossos amigos e Irmãos estarão em perigo de tortura, 59então destrua tudo que não for necessário. 60Se o seu livro for encontrado em suas mãos, será prova clara contra sua pessoa, e poderás ser processado.


Tortura e Interrogatórios
61 Mantenha todos os pensamentos da Bruxaria fora de sua mente. 62 Se a tortura for muito forte para suportar, diga, ‘Eu confesso. Não posso suportar esta tortura. O que querem que eu diga ?’ 63 Se eles tentarem fazê-lo falar da Irmandade, não o faça. 64 Mas se eles tentarem fazê-lo falar de coisas impossíveis como voar pelos ares, relacionar-se com um demônio cristão ou sacrificar crianças, ou comer carne humana, 65 para obter alívio da tortura diga, ‘Eu tive um sonho mau, eu estava fora de mim, estava enlouquecido’. 66 Nem todos os juízes são maus, e, se tiverem uma desculpa, eles podem demonstrar misericórdia. 67 Se confessaste antes, negue depois, diga que estavas alucinando sob tortura, diga que não sabias o que falava.


A Morte
68 Se fores condenado, nada tema. 69 A Irmandade é poderosa e o ajudará a escapar se tiveres mantido-te impassível, mas se tiveres cometido traição não haverá esperança para ti nesta vida ou na que virá. 70 Esteja certo, se fores resoluto para a pira, drogas lhe serão oferecidas, e nada sentirás. Irás para a morte e para o que vem depois, o êxtase da Deusa.


Os Instrumentos Mágicos
71 Para evitar descobertas, faça com que os instrumentos de trabalho sejam comuns, coisas que qualquer um teria em casa. 72 Que os pantáculos sejam de cera para que sejam imediatamente quebrados ou derretidos. 73 Não tenha uma espada a menos que sua posição o permita. 74 E ela não terá nem nomes nem símbolos em nada. 75 Escreva os nomes e símbolos nela com tinta antes de consagrá-la, e lave-a imediatamente após. 76 Que a cor do punho identifique qual é qual. 77 Não grave nada nela, pois pode facilitar a descoberta.


Dissimulação
78 Sempre lembre-se que somos as crianças escondidas da Deusa, portanto nunca faça algo que possa desonrar-nos ou a Ela. 79 Nunca conte vantagens, nunca ameace, nunca diga que queres o mal de ninguém. 80 Se alguma pessoa que não é do Círculo falar da Bruxaria, diga, ‘Não fale-me disto, pois me assusta e traz má sorte’. 81 Por estas razões, os cristãos têm seus espiões em todos os lugares. Eles falam como se fossem atraídos por nós, e como sentem por não irem em nossas reuniões, dizendo ‘Minha mãe adorava os Antigos. Como eu gostaria de fazê-lo também’. 82 Para os que são assim, sempre negue qualquer conhecimento. 83 Mas aos outros, sempre diga, ‘Estes homens tolos falam de Bruxos voando pelos céus. Para fazer isso eles deveriam ser leves como cardo. E os homens dizem que as Bruxas são todas velhas caolhas, então que prazer existiria num encontro de Bruxos como os que o povo conta?’ 84E diga, ‘Muitos homens sábios agora dizem que não há tais criaturas’. 85Sempre faça disso uma piada, e talvez em algum tempo futuro a perseguição morra e possamos adorar nossos Deuses em segurança novamente. 86Que todos nós rezemos por este dia feliz. 87Que as bênçãos da Deusa e do Deus esteja em todo aquele que mantenha estas leis assim como foram decretadas. 


As Funções dentro do Conventículo
88Se o Conventículo possuir algum equipamento, que todos ajudem a guardá-lo e a mantê-lo limpo e bom para a Bruxaria. 89E que todos justamente guardem todas as riquezas do Conventículo. 90E se algum Irmão verdadeiramente tiver os escrito, tem direto a seu pagamento, e que seja justo. Isso não é receber dinheiro pela Bruxaria, mas por bom e honesto trabalho. 91Mesmo os cristãos dizem, ‘O trabalhador merece seu pagamento’, mas se algum Irmão quiser de vontade própria trabalhar para a Bruxaria sem receber pagamento, que assim seja para sua grande honra. Que assim seja decretado.


Disputas e Desentendimentos
92Se houver alguma disputa ou desentendimento entre a Irmandade, a Alta Sacerdotisa deve imediatamente convocar os Sábios e inquiri-los no assunto, e eles devem ouvir ambos os lados, primeiro sozinhos e então juntos. 93E então eles decidirão justamente, sem favorecer um lado ou outro. 94Mesmo reconhecendo que há pessoas que nunca aceitarão trabalhar sob o comando de outros. 95Mas, da mesma maneira, há algumas pessoas que não conseguem comandar com justiça. 96Para aqueles que querem sempre comandar, há só uma resposta. 97Saia do Conventículo ou procure outro, levando com você aqueles que quiserem ir. 98Para aqueles que não o podem, a resposta deve ser simplesmente, ‘Aqueles que não podem aceitar seu comando sairão com você’. 99Pois ninguém deve vir a encontros com aqueles com quem estão em desacordo. 100Assim, todos irão concordar, daqui para frente, pois a Bruxaria deve sempre sobreviver , e que assim seja decretado.


A Loucura dos Cristãos
101Nos dias antigos, quando tínhamos poder, nós podíamos usar a Bruxaria contra qualquer um que intentasse mal contra a Irmandade. Mas nestes dias malditos nós não o podemos fazer. Pois nossos inimigos criaram uma fossa ardente de fogo eterno onde afirmam que seu deus lança todos que o adoram, exceto os poucos que são libertados por seus padres, orações e missas. E isso é feito principalmente dando-se riquezas e presentes valiosos para receber seu favor, pois seu grande deus está sempre precisando de dinheiro. 102Mas como nossos Deuses precisam de nossa ajuda para que o homem e a colheita sejam férteis, assim o deus dos cristãos está sempre precisando da ajuda dos homens para ajudá-lo a nos encontrar e nos destruir. Seus padres sempre lhes dizem que qualquer um que receber nossa ajuda está amaldiçoado a este inferno para todo o sempre, e os homens enlouquecem com o terror disto. 103Mas eles fazem os homens acreditarem que para escapar deste inferno eles precisar dar vítimas aos torturadores. Por esse motivo, todos estão sempre espionando, pensando, ‘Se eu capturar apenas um destes Bruxos, eu escaparei da fossa ardente’. 104Por essa razão nós possuímos nossos esconderijos, para que os homens procurem muito e nada encontrem, e digam, ‘Não existe nenhum desses Bruxos, e, se existir, estão nalguma terra distante’. 105Mas quando um de nossos opressores morre, ou até apenas adoece, sempre há o grito, ‘Isto é obra de Bruxos’, e a caçada recomeça. E embora eles chacinem dez de seu povo para cada um de nós, mesmo assim eles não se importam. Eles são incontáveis milhares. 106Enquanto nós somos poucos. Que assim seja decretado.


Mais Considerações sobre os Cristãos
107Que ninguém faça uso da Bruxaria de maneira a causar mal a alguém. 108Não importa quanto eles nos ferirem, não prejudique ninguém. E hoje em dia, muitos creem que nós não existimos. 109Enquanto esta Lei estiver nos ajudando em nossas dificuldades, ninguém, não importa quão grande injúria ou injustiça houver recebido, deve usar a Bruxaria para prejudicar ou causar mal a alguém. Mas pode-se, depois de um grande Conselho entre todos os Bruxos, usar a Bruxaria para impedir cristãos de ferir nossos Irmãos, mas apenas para impedí-los, nunca para puní-los. 110Pois assim os homens dirão, ‘Aquele se diz um poderoso caçador, um perseguidor de mulheres velhas que ele diz serem Bruxas, mas ninguém lhe fez mal, e isto é uma prova de que elas não têm poder ou que na verdade não há mais nenhuma’. 111Pois todos sabem muito bem que muitas pessoas morreram porque alguém os invejava, ou foram perseguidas porque tinham dinheiro ou bens para serem divididos, ou porque nada possuíam para subornar os caçadores. E muitas morreram por serem velhas rabugentas. Tantas destas morreram que os homens hoje dizem que apenas velhas são Bruxas. 112E que isto seja nossa vantagem e que afaste as suspeitas de nós.


Manter a Lei
113Na Inglaterra e na Escócia já faz mais de um ano desde que um Bruxo morreu a morte. Mas qualquer uso errôneo do poder pode reiniciar a perseguição. 114Por isso, nunca quebre essa Lei, por mais tentado que te sintas, e nunca permita que ela seja quebrada. 115Se souberes que ela está sendo quebrada, deves trabalhar fortemente contra isto. 116E qualquer Alta Sacerdotisa ou Alto Sacerdote que consentir com sua ruptura deve ser imediatamente deposto, pois é o sangue da Irmandade que eles estão arriscando. 117Faça tudo de maneira segura, e apenas se for realmente seguro. 118E mantenha estritamente a Antiga Lei.


Dinheiro
119Nunca aceite dinheiro pelo uso da Bruxaria, pois o dinheiro sempre mancha aquele que o recebe. Há magos e sacerdotes e os sacerdotes dos cristãos que aceitam dinheiro pelo uso de suas artes. E vendem indultos para que os homens livrem-se de seus pecados. 120Não seja como estes. Se você não aceitar dinheiro, estará livre da tentação de usar a Bruxaria para propósitos malignos.


O Uso da Bruxaria
121Todos podem usar a Bruxaria em vantagem própria ou para vantagem dos Irmãos apenas se houver a certeza de que não irá prejudicar ninguém. 122Mas permita sempre que o Conventículo debata este assunto o quanto desejar. Apenas se todos concordarem que ninguém vai ser prejudicado, a Bruxaria poderá ser usada. 123Se não for possível atingir seu objetivo de uma maneira, provavelmente a meta pode ser atingida de outro modo sem ainda prejudicar ninguém. QUE A MALDIÇÃO DA DEUSA ESTEJA SOBRE QUALQUER UM QUE QUEBRAR ESTA LEI. Que assim seja decretado.


Ética
124 Foi julgado lícito se alguém da Bruxaria precisar de uma casa ou terra e ninguém desejar vender, orientar a mente do proprietário de maneira que ele queira vender, contanto que ele não seja de maneira alguma prejudicado e que o preço seja pago sem barganhas. 125Nunca barganhe ou tente baixar o preço de algo se você o estiver comprando para a Bruxaria. Que assim seja decretado.


A Antiga Lei
126Esta é a Antiga Lei e a mais importante de todas as leis: que ninguém faça qualquer coisa que ponha em risco qualquer membro da Bruxaria, ou que coloque-o em contato com as leis da região ou quaisquer perseguidores. 127Se houver qualquer disputa entre a Irmandade, ninguém deve invocar nenhuma lei além destas da Bruxaria. 129Ou nenhum tribunal além daquele formado por Sacerdotisa, Sacerdote e Sábios.


Mais Regras de Dissimulação e Discrição
129Não é proibido dizer como dizem os cristãos, ‘Há Bruxaria neste lugar’, pois há muito nossos opressores classificaram como heresia não crer na Bruxaria, e um crime tal como negá-la pode colocá-lo sob suspeita. 130Mas sempre diga, ‘Eu nunca ouvi falar disso por aqui, talvez eles devam existir mas muito longe, não sei onde’. 131Mas sempre fale de nós como velhas ranzinzas, concubinando-se com o demônio e voando pelos ares. 132E sempre diga, ‘Mas como elas podem voar pelos ares se não são leves como cardo’. 133Mas que a maldição da Deusa esteja em qualquer um que lançar suspeitas sobre alguém da Irmandade. 134Ou falar sobre algum verdadeiro local de encontro onde nós nos reunimos.


Livro das Sombras e Liber Umbrarium
135Que a Bruxaria mantenha livros com os nomes de todas as ervas que são boas, e todas os remédios, para que assim todos possam aprender. 136Mas mantenha outro livro com todas as Leis e Rituais e que apenas os Sábios e outras pessoas de confiança possuam este conhecimento. Que assim seja decretado. 138E que as bênçãos dos Deuses estejam em todos que mantêm essas Leis, e que tanto a maldição do Deus quanto a da Deusa esteja em quem as desrespeitá-las.


A Sabedoria da Humildade
138Lembre-se que a Bruxaria é o segredo dos Deuses e que deve ser usado apenas de maneira respeitosa e fervorosa, e nunca para exibir-se ou vangloriar-se. 139Magos e cristãos podem escarnecer de nós dizendo,’ Vocês não têm poder, mostre-nos seu poder. Faça magia diante de nossos olhos, e apenas assim acreditaremos’, tentando nos obrigar a trair a Bruxaria perante eles. 140Não lhes dê ouvidos, pois a Bruxaria é sagrada e deve apenas ser usada quando for necessária, e que a maldição dos Deuses esteja em quem quebrar esta Lei.


Alta Sacerdotisa: renúncia, abandono e sucessão
141Sempre foi assim com as mulheres, e com os homens também, que eles sempre buscam novos amores. 142Não devemos reprová-los por isso. 143Mas isto pode ser um desvantagem para a Bruxaria. 144Mais de uma vez aconteceu de um Alto Sacerdote ou uma Alta Sacerdotisa, impelida por amor, ir embora com seu amado. Isto é, eles deixaram o Conventículo. 145Agora, se a Alta Sacerdotisa quer renunciar, ela deve fazê-lo em uma reunião com o Conventículo completo. 146 E esta renúncia é válida. 147Mas se ela fugir sem renunciar, quem garante que não voltará em poucos meses ? 148Assim, a Lei é, se uma Alta Sacerdotisa deixar seu Conventículo, ela deve ser trazida de volta para que tudo seja como era antes. 149Enquanto isso, se ela tem uma auxiliar, esta auxiliar agirá como Alta Sacerdotisa enquanto a Alta Sacerdotisa não estive presente. 150Se ela não retornar em um ano e um dia, então o Conventículo deve eleger uma nova Alta Sacerdotisa. 151A menos que haja uma boa razão para que isso não ocorra. 152A pessoa que fez o trabalho deve receber o benefício de sua recompensa, donzela e auxiliar da Alta Sacerdotisa.


O Vínculo
153Foi visto que a prática da Bruxaria causa uma forte ligação entre aspirante e tutor, e isto é o motivo de melhores resultados se assim o for. 154E se por alguma razão isto não for desejado, pode facilmente ser evitado por ambas as pessoas colocando firmemente em suas mentes que são como irmão e irmã, ou pai e filho. 155E por esta razão um homem pode apenas ser ensinado por uma mulher e uma mulher por um homem, e mulher e mulher não devem tentar estas práticas juntas. Que assim seja decretado.


Julgamento de Transgressões
156Ordem e disciplina devem ser mantidas. 157Uma Alta Sacerdotisa ou um Alto Sacerdote pode, e deve, punir todas as transgressões. 158 Assim, todos da Bruxaria devem receber sua correção de boa vontade. 159Todos apropriadamente preparados, o culpado deve ajoelhar-se, sua transgressão relatada e sua sentença pronunciada. 160A punição deve ser seguida por algo agradável. 161O culpado deve reconhecer a justiça de sua punição beijando a mão ao receber a sentença e novamente quando a punição for cumprida. Que assim seja decretado."