sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

-O Deus Atho da Bruxaria

Livro: "Enciclopédia da Bruxaria"
Autora: Doreen Valiente

Atho é o nome dado a uma cabeça esculpida do Deus de Chifres da Bruxaria, cujo dono é o sr. Raymond Howard de Norfolk. Em 1930, quando o sr. Howard era um garoto, ele morava com parentes em uma fazenda em Norfolk. Lá ele conheceu uma velha senhora chamada Alicia Franch, que vivia com os ciganos ou romanis. Ela se interessou pelo garoto, que ela viu pela primeira vez quando ele estava brincando num lago próximo a uma estrada no dia do solstício de verão. 
A velha Alicia aparentemente achou que aquele encontro fosse um sinal, e ela ensinou-lhe algumas das tradições [no sentido de costumes, não no sentido de Tradições] da Bruxaria que conhecia. Ela disse a ele que quando ela morresse iria deixar-lhe um legado, e ela cumpriu com a sua palavra. Em seu devido tempo, o sr. Howard herdou de Alicia Franch um número de objetos mágicos, entre os quais estava a cabeça de Atho. Eu conheci o sr. Howard e vi essa cabeça esculpida ao vivo. Trata-se de uma figura muito impressionante, que tem uma força e um poder rude que a tornam um trabalho marcante de arte primitiva. Ela é feita a partir de um tronco de carvalho negro sólido, evidentemente muito velho. A cabeça está equipada com dois chifres de touro, e incrustada em vários lugares com prata e pedras preciosas. Ela é coberta com símbolos místicos, representando as crenças dos seguidores de Atho. O sr. Howard permitiu que a cabeça fosse fotografada pela imprensa e mostrada na televisão. Ele hoje acredita que isso não teria sido a coisa certa a ser feita, porque em abril de 1967 a cabeça foi roubada do antiquário do sr. Howard em Norfolk. Apesar das investigações policiais, o mistério do furto permanece sem solução. O ladrão evidentemente foi até lá especialmente para pegar a estátua, porque outros objetos de valor e uma caixa com dinheiro foram ignorados. Nós só podemos esperar que essa relíquia sem igual da religião das Bruxas possa um dia voltar à nossa história e ser devolvida a seu dono legal. 

Era característico da Grã-Bretanha celta pagã esculpir cabeças sagradas de divindades [só para lembrar uma frase de Gardner, “As Bruxas têm uma tradição de que a religião delas veio do Oriente”]. Elas geralmente eram de pedra, ao passo que a cabeça de Atho era feita de carvalho. Contudo, a ideia pode ter sobrevivido e ter sido transmitida. Com tantas descobertas arqueológicas, nós sabemos hoje que a veneração do Deus de Chifres celta Cernunnos foi espalhada por toda a Grã-Bretanha antiga; muitas representações dele foram encontradas. O nome Cernunnos é na verdade um título e significa “Aquele de Chifres”
. Ele foi uma das muitas versões do Deus de Chifres das Bruxas. A minha própria pintura da cabeça de Atho é reproduzida como uma ilustração para este livro. A precisão da cópia dos detalhes do original vai até onde os limites do meu talento me permitiram. Os chifres estão ornamentados com os signos do zodíaco. Na testa estão os cinco anéis da Bruxaria, os cinco círculos diferentes que são formados pelas Bruxas. O nariz é um cálice de vinho, que guarda o vinho do Sabá; ele está ornamentado com um pentagrama, o sinal da magia. A boca tem a forma de um pássaro, o mensageiro do ar. O queixo é um triângulo, com os diversos significados mágicos da Tríade. Na parte de baixo estão as serpentes gêmeas, representando as forças positivas e negativas. Os outros símbolos desenhados ao redor da cabeça estão na verdade esculpidos no original. A folhagem germinando entrelaçada ao fundo representa as forças da vida e da fertilidade, que Atho personifica.  O nome Atho é evidentemente uma versão Sassenach do galês arcaico Arddhu, que significa “O Sombrio”. [Incrível como muitas pessoas, incluindo Doreen Valiente, tentam fantasiar com superstições! Atho não tem nada a ver com "Arddhu", acorda! Atho deriva do romano “Actaeon”, nome do filho-amante da Deusa Diana, também conhecido por "Attis" na linguagem do antigo Clã Gálico ou, no etrusco, por "Atunis", o Filho Divino Adonis que, com chifres para simbolizar as sinfonias cósmicas, é enviado ao mundo como fênix pelo Deus de Sirius, o Senhor Cornífero Dionysos/Osiris Bakha, para a iluminação da terra].